sexta-feira

Espero que em 2011:
Haja paz no mundo. Hajam muitos estágios do delfos. Esteja com quem quiser, quando quiser, onde quiser. Que o Benfica seja bicampeão. Que suba as notas a tudo. Quero não perder pessoas que me são mais que importantes. Quero ser convidado por uma editora para escrever um livro. Quero comprar cd's. Quero comprar uma guitarra eléctrica. Quero uma mota. Quero tirar a carta de mota. Quero que os sonhos se tornem realidade. Quero o Dark Side of The Moon, o Amnesiac, o The Bends, o Ok Computer e o Grace (originais, não pirateados) na minha mão, para todo o sempre. Quero ressuscitar o Jeff Buckley. Quero assistir a um concerto dos Radiohead. Quero ir ao Alive! ver os Foo Fighters e ao SRSB acompanhado ver os Portishead. Quero rever os Interpol. Quero fechar os olhos, reabrir e saber que a rapariga que está agora na televisão a cantar o Empire State of Mind seja eleita como a vencedora do Ídolos deste ano. Quero tudo isto, e quero que não me tirem nada. E acima de tudo, quero abraçar, trocar elásticos, lapiseiras e afiadeiras, quero trocar beijos, apertar mãos. Quero os meus amigos comigo. Quero ter-te aqui, ao meu lado, todos os dias. Quero falar contigo todos os dias. Quero ver-te todos os dias. Quero tudo isto, sem tirar nada. Quero muitas outras coisas. Quero ver-te feliz, mesmo que não seja comigo. Quero os meus amigos. Sei que já o disse, mas é sempre bom dizer outra vez.
E bah. Quero tudo. Tudo. E sei que chego ao fim sem nada. Ou quase nada. Como neste ano, chego ao fim, e não tenho nada.

quinta-feira

Adeus 2010(0), Feliz 2011

Bom, não vou dizer que 2010 foi mau, não vou dizer que foi bom.
Em 2010 fui feliz, depois achei melhor meter-me num estado de infelicidade. Conheci uma pessoa infinitas estrelas. Disse a uma pessoa que ela não era a mulher da minha vida porque a pessoa de quem tinha gostado antes dela é que era (hoje já não estou tão certo disso). Perdi uma lista (e isto não tem nada a ver com eleições). Vi uma data de séries. Lost acabou. A Carla Bruni foi eleita a personalidade mais irritante. O Benfica foi campeão. Não passei à final das OPM. Tive um 10 a Biologia no final do período. Tive um 10 num teste de Física. Tive 19 no final do período a Português. Escrevi um texto sobre o Egipto tão awesome que me deu pontuação máxima num teste. Voltei a fazer teatro. Conheci gente awesome em Julho. Apaixonei-me demasiado. Ganhei mais um melhor amigo. Fui a Londres. Estive perto do Paraíso. Já me referi a ela mais que uma vez, mas conheci uma rapariga amarela, e não era ninguém Simpson. Vi Family Guy com companhia da melhor. Estive perto dos baloiços com gente awesome. Fiz trocas de elásticos. Tive nega em dois testes de Biologia no mesmo período. Tive uma média de merda. Portugal não fez nada no Mundial. TBBT finalmente falou do 73, no 73º episódio da série. Apercebi-me que, mesmo que quisesse, nunca poderei ser médico porque não tenho notas para isso. Apresentei gente importantíssima ao meu pai. Mostrei textos a gente de família. Joguei PES 2011. Joguei Wii. Saquei City Bloxx para o telemóvel. Tirei fotografias. Ouvi música. Dei por mim a cantar Pink Floyd e Radiohead pela casa. O Ok Computer foi eleito o melhor álbum dos últimos 25 anos. Nunca vi a casa dos segredos. Abracei junto ao meu peito pessoas que não queria largar por nada deste mundo. Li muito. Vi o Up. Não perdi nenhum episódio do Ídolos, o que é bastante wtf. Percebi que o novo Windows Live Messenger não presta e tem uns smiles esquisitos. Estudei mais do que no resto da minha vida. Falei horas e horas ao telefone. Perdi-A. Pela primeira vez estou a espreitar a Casa dos Segredos e estou a dar conta que aquilo é muito idiota mesmo. A minha irmã comprou casa nova em Lisboa. Chorei mais do que nunca, tanto que nem tive que comprar piscina para a minha casa. Estive em Penafiel e senti-me útil. Criei dois blogues novos. Escrevi coisas que me deixaram feliz. Li muito. Dei por mim a cantar à frente de família. Escrevi que me fartei e só num blogue criado na Páscoa, escrevi uns 100 posts. Finalmente tive um baixo eléctrico só para mim, nas minhas mãos, durante uns escassos minutos. Estive trancado num quarto com a melhor companhia do mundo, enquanto eu e o aquecedor diminuíamos o frio que ela sentia. Nas últimas compras do ano, adquiri 73 artigos.
E chego ao fim do ano, e não sei o que achar dele. Não sei se foi bom, não sei se foi mau. Arrependo-me e não me arrependo. Bah, dizem que 2011 vai ser pior. Eu tenho medo. Não quero adormecer.

Enfim, feliz 2011 para todos. Que os cortes não vos toquem.

terça-feira

Há 73 dias. Conhecemo-nos há uns míseros 73 dias. Ou assim diriam alguns, uns míseros. Na realidade, 73 dias não são assim tão poucos dias quanto se possa pensar. 73 dias é exactamente um quinto de ano.
Já viste? Quem diria que 73 dias iriam dizer tanto sobre nós. Quem diria que em 73 dias ia acontecer tanta coisa.

Adoro-te até ao infinito.

domingo

Slow motion story number 2 - O baloiço

Eu não costumo contar histórias de "era uma vez", mas esta história vai ser excepção e vai se de "era uma vez".
Porque era uma vez um elástico branco. Esse elástico branco era pequeno, e apenas se conseguia pôr com facilidade num pulso pequeno. Mas há pessoas que gostam de trocar elásticos, por algo que surgiu do nada. E esse elástico branco foi trocado por um preto.
O giro da história, é que todos os elásticos alguma vez trocados pertencem à mesma pessoa, à rapariga da camisola azul que gosta de andar de baloiço, que não quer deixar pessoas fraquinhas (ou fofinhas) sozinhas, ao frio, que fica a transmitir pequenas energias, pequenos pedaços de calor às pessoas perto dela. E ela aquece, tanto o coração como o corpo, com aqueles pequenos braços, aquela pequena cabeça, mas aqueles grandes e lindos olhos. E o primeiro elástico foi trocado por engano, porque o rapaz o levou com ele sem querer, porque um comboio chegou e teve de lhe levar a menina, que ele estava a segurar e teve de largar.
Sei que isto pode parecer tudo muito estranho e tudo muito abstracto, mas este rapaz e esta rapariga, que trocavam mensagens, carinho, abraços, beijos, calor e elásticos, são especiais. Não foram feitos um para o outro, não vivem um ao lado do outro, não se podem ver um ao outro todos os dias. Estão afastados. Aliás, são afastados todos os meses, pelo vento, depois de terem estado agarrados pelo laço que os amarrou. E apesar disso, ele sonha com ela todas as noites. Ele quer estar com ela a todo o momento, e sem ninguém ao pé. Porque quando isso acontece, eles encostam-se, abraçam-se e dão beijos na bochecha um do outro. E ele só quer ficar a sós com ela, porque quer deixar de ter voz sumida e quer dizer-lhe: "Amo-te."
Porque ele só a quer ver sorrir. Seja ao pé dos baloiços ou no escritório, em frente ao computador, de mãos dadas ou separadas, encostados com a cabeça no ombro um do outro, sentados num banco gelado ou de pé, enquanto se apertam um contra o outro, com ou sem elástico no pulso.
Porque ele só a quer ver sorrir.

sábado

Só mais uma volta
Só mais uma volta a mim
Só mais uma volta desta ninguém vai cair
Só mais uma vez que vês que ninguém está aqui
Queres só mais uma volta desta ninguém vai cair
Tempo frio afasta o tempo que nos afastou
Primavera lança o laço que nos amarrou
Tempo quente dá vontade de não resistir
Vai só mais uma volta desta ninguém vai cair
E ainda te sinto a seguir o rasto que deixo a correr
Ainda penso em ti... pensa em mim, mas só mais uma vez.
Diz-me ao que queres jogar que eu vou querer também
Diz-me quanto queres de mim para te sentires bem
Não te vejo bem ao longe não sei distinguir
Queres só mais uma volta e desta ninguém vai cair
Ainda te sinto a seguir o rasto que deixo a correr
Ainda penso em ti... pensa em mim, mas só mais uma vez.
Diz-me quanto tens de honesto quanto tens de bom
Diz-me quantas provas queres diz-me quanto sou
Já não sinto nada dentro não sei perceber...
Vai só mais uma volta, desta ninguém vai dizer.

Só mais uma vez.

sexta-feira

O Natal não é presentes. O Natal não é família. O Natal não é comida. O Natal não é amigos. O Natal não é chamadas. O Natal é mensagens em branco. O Natal é estarmos com quem mais gostamos (que nem sempre significa família).
O Natal, à partida é só as duas coisas acima. E eu só posso fazer uma delas. Mas se for a ver, o Natal é muito mais do que o que me parece à primeira vista. Por detrás das mensagens em branco, há milhares de palavras que nos custam demasiado dinheiro se as escrevermos todas na mensagem (e tínhamos de escrever várias mensagens). Pode também expressar que não há palavras para descrever. Mas é também a soma de todas as cores. De facto, se formos a ver, branco significa tanta coisa. E é isso mesmo que te vou dizer neste Natal, à meia-noite. Uma mensagem em branco. Porque é esse o espírito do Natal. Do meu Natal.

O meu Natal... és tu. E tudo o que eu quero deste Natal... é receber uma mensagem em branco.

I told you before that christmas might impress you.
O Natal está aí à porta. Sei que é só daqui a mais ou menos 12 horas, mas aqui fica a vossa prenda:


And believe me, Christmas may impress you.

E lembrem-se, as luzes na árvore de Natal não são a luz ao fundo do túnel. E mesmo quando achamos que ela já não existe, se olharmos à volta, vemos que não temos uma luz ao fundo do túnel. Temos várias. Surpresas no Natal? Não vão ter, nem vos desejo que as tenham. Surpresas normalmente são más. Bons presentes? Também não vos desejo. Mas desejo-vos boas luzes. :)

quinta-feira

Fui ao póker hoje, outra vez. Parece que ganhei uns trocos. (Metáforas FTW!)

Se alguém disser que não podes cá voltar em breve, eu vou-te aí buscar. Juro. *.*

quarta-feira

Fiz all in, e perdi tudo.
Há pessoas que me dizem que eu devia escrever textos felizes, cheios de pós de perlimpimpim por tudo quanto é sítio, com sonhos cor de rosa e paraísos à mistura. Há pessoas que me dizem que eu as ponho tristes quando escrevo coisas tristes.
Pois bem, caiu-me a máscara. Alguém me rogou uma praga e eu, tão farto dela, achei que mais valia tirar fardos das costas. E a máscara estava na minha cara, mas fazia pressão nas minhas costas. Na realidade, a máscara até na minha mente estava.
E penso bem, e sei que quem me rogou esta praga foi ela. Deve ter pensado que não tinha mais nada que fazer então rogou-me uma praga. Vudu, ou algo do género. E quem é ela, perguntam vocês?
Pois bem, refiro-me à minha própria mente. Às vezes torno-me demasiado instável. E acabo por emitir partículas alfa e beta. E talvez tenha sido isso. Talvez tenha sido isso que para além de me colocar uma máscara colocou uma máscara nas outras pessoas. Porque eu queria ver o mundo assim, e o nosso cérebro por vezes molda-nos as coisas conforme nós as queremos ver, e eu queria ver tudo bem. Até me olhava ao espelho e via alguém feliz, sorridente. Isto pode parecer tudo muito estranho, mas eu acredito que no fundo eu estava feliz, porque ainda reinava em mim alguma esperança.
Pois bem, essa esperança acabou, e eu finalmente vi o mundo como ele está. E eu pensava que fazê-lo me ia fazer ficar melhor, mas ainda estou com a cabeça mais em água. E estou farto disto, juro que estou farto disto, estou farto do msn, estou farto do telefone, estou farto do telemóvel, estou farto do computador, estou farto do facebook, estou farto do blogger, estou farto de música. Estou farto do mundo, estou farto de ti, estou farto de mim mesmo.
Será que se eu partir a casa toda o meu pai fica muito chateado?
Será que há alguma coisa que eu possa fazer?
Será que é possível tudo acabar?
Será que é possível as coisas serem como nós queremos?
Será que podemos fazer as pessoas tão felizes como queremos que elas sejam?
Será que podemos ter a única coisa que mais desejamos em todo o mundo, no sítio onde mais desejamos estar em todo o mundo?
As questões-problema normalmente vêm no início da actividade experimental. O que aconteceu para elas virem no final? Um erro experimental.
I do believe in love at first sight.
Lonely is the room the bed is made
The open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one
Who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep
That won't ever come
It's never over,
My kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over,
all my riches for her smiles when I slept so soft against her...
It's never over,
All my blood for the sweetness of her laughter...
It's never over,
She's a tear that hangs inside my soul forever...



Jeff Buckley, 1994

terça-feira

I could stay awake just to hear you breathin'
Watch you smile while you are sleeping
While you're far away and dreaming
I could spend my life in this sweet surrender
I could stay lost in this moment forever
Where every moment spent with you is a moment I treasure

Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
Cause I'd miss you babe
And I don't wanna miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you babe
And I don't wanna miss a thing

Lying close to you feeling your heart beating
And I'm wondering what you're dreaming
Wonderin' if it's me you're seeing
Then I kiss your eyes
And thank God we're together
I just want to stay with you in this moment forever
Forever and ever

I don't wannna close my eyes
I don't wanna fall asleep
Cause I'd miss you babe
And I don't wanna miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you babe
And I don't wanna miss a thing

I don't wanna miss one smile
I don't wanna miss one kiss
I just wanna be with you
Right here with you, just like this
I just want to hold you close
Feel your heart so close to mine
And just stay here in this moment
For the rest of time Yeah yeah yeah

I don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
Cause I'd miss you babe
And I don't wanna miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you babe
And I don't wanna miss a thing

I don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
Cause I'd miss you babe
And I don't wanna miss a thing
Cause even when I dream of you
the sweetest dream will never do
I'd still miss you babe
And I don't wanna miss a thing

Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
And I don't wanna miss a thing



I've been talking to you, but I steel miss you baby. And I don't want to miss a thing.
Eu também já tinha imensas saudades tuas.

E o que me deixa mais feliz é saber que em breve te vou ver, ao vivo e a cores, cara a cara.

sexta-feira

Reagi duas semanas depois, e agora não consigo parar de chorar. Curioso, até a minha mãe deu conta que não estou bem. E ela não costuma dar conta, porque eu costumo conseguir esconder. Mas hoje é diferente, hoje não consigo esconder. Porque foram duas semanas a processar informação. E agora, chegámos à resposta.

Só quero desaparecer completamente.

terça-feira


O céu é como tu e eu. Esconde muito mais do que apresenta. Esconde muito mais do que se pensa. E é muito mais do que aparenta ser.

segunda-feira

Eu costumava pensar que as coisas eram fáceis. Costumava pensar que era fácil ser-se humano. Costumava pensar que tudo era tão fácil. A vida. Costumava pensar que podia fazer tudo à minha medida. Costumava pensar que era fácil pré-visualizar o que eu achava que ia ser o meu futuro, e pensar que nada seria diferente do passado.
Costumava pensar que era sempre tudo igual. A chamada rotina era, de facto, uma rotina. Pensava isso, juro que pensava. Juro que pensava que tinha tudo na minha mão. Pensava que tinha o mundo a meus pés se estalasse os dedos.
Enganei-me.
E hoje sei que o dia muda de dia para dia. A rotina não é uma rotina. As coisas mudam todos os dias. Todos os dias fazemos acções que mudam tudo. Por exemplo, se eu decidir não ir jantar agora, depois de escrever este texto, vou provavelmente para a cama com dor de barriga. Se eu decidir não lavar a loiça hoje, amanhã de manhã ela espera-me, e sei que vou ouvir a minha mãe a reclamar por isso. Sei que se eu for um assassino em série, vou alterar uma vida, e depois outra, e depois outra, e mais outra, e ainda mais outra. Um número interminável de vidas vão ser alteradas, por cada pessoa que eu assassinar. Bem, umas mais que outras, mas acaba sempre por alterar tudo.
E eu sou assassino em série. Sem a parte do assassino. Aliás, todos nós somos. Todos nós mudamos alguma coisa por cada acção que tomamos. E às vezes pensamos que não. E às vezes queremos as coisas tanto que nem queremos saber que as pessoas se calhar podem não querer o mesmo que nós, ou podem simplesmente querer pensar se querem ou não. E acabamos por as sufocar. E eu espero não estar a sufocar-te, porque um dia terás eventualmente que morrer, mas eu espero que não seja por minha causa.

domingo

The Blower's Daughter

And so it's
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it's
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
And so it's
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it's
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind... my mind...


Damien Rice, The Blower's Daughter (Setembro de 2001)

Já conhecia antes de a Carolina a cantar há minutos no ídolos. Mas é sempre bom ouvir e re-ouvir e re-ouvir. E isto faz-me lembrar que sou burro porque apaguei a música do telemóvel. E vou redimir-me agora. Vou re-passar a música para o telemóvel. Para junto da Wooden Arms, da Lights, da Wonderwall, da Lucky... E tantas outras.

quinta-feira

Echoes & Silence, Patience & Grace

Home, by the Foo Fighters, from their album Echoes, Silence, Patience & Grace.

Sabem? Quero uma casa grande, simpática, que possa levar comigo quando for à praia, à noite. Quero uma árvore grande, cheia de ramos, flores e frutos. Não quero noivas russas nem chinesas, não quero uns óculos de sol grandes e vistosos, não quero um choro no canto do olho. Quero um sorriso de orelha a orelha, quero um beijo na bochecha, quero uma almofada literalmente esventrada, quero estrelas em Fevereiro. Quero uma árvore ao pé da minha casa. Quero uma nódoa na gravata que saia na lavagem, quero uma camisa branca bem engomada. Não quero tremoços voadores, não quero pevides meias mastigadas, não quero meias rotas. Quero um cobertor, um aquecedor e um quarto de uma pensão rasca. Não quero uma janela que não feche, um quarto cheio. Quero um momento sozinhos. Quero olhar-te nos olhos e dizer-te que não interessa a conclusão. Quero que vejas que tenho os olhos cheios de lágrimas quando a minha casa grande se desmorona e cai bocados dela em cima do meu carro super potente e super caro. Quero ver felicidade em todas as caras das pessoas que me são mais próximas, e saber que não vão chorar nos próximos 73 anos. Quero saber que o mundo pode acabar agora. Quero uma luz bem grande, um pinheiro de Natal a sério, gosto mais deles do que dos brincar, dos artificiais. Não quero o Pai Natal a entrar pela chaminé, quero-o a entrar pela porta e a comer o assado com quem eu quiser. Não quero perder o Optimus Alive! deste ano, uma laranja podre, um assado estorricado. Quero um perú grande em cima da mesa, para quem vier comê-lo, um sofá fofo, um abraço bem dado. Não quero uma lágrima no canto do olho. E quero, acima de tudo, uma casa grande, simpática, que possa levar comigo quando for à praia, à noite, e que dê para andar às minhas costas.

E é tudo isto que eu quero/não quero este Natal, sem tirar nem pôr.

terça-feira

I've applied the pressure/to have you crystalised

You've applied the pressure
To have me crystalised
And you've got the faith
That I could bring paradise

I'll forgive and forget
Before I'm paralyzed
Do I have to keep up the pace
To keep you satisfied

Things have gotten closer to the sun
And I've done things in small doses
So don't think that I'm pushing you away
When you're the one that I've kept closest

You don't move slow
Taking steps in my directions
The sound resounds, echo
Does it lessen your affection
No

You say I'm foolish
For pushing this aside
But burn down our home
I won't leave alive

Glaciers have melted to the sea
I wish the tide would take me over
I've been down on my knees
And you just keep on getting closer

Placid as I melt into the sea
(Things have gotten closer to the sun)
I wish the tide would take me over
(And I've done things in small doses)
I've been down onto my knees
(So don't think that I'm pushing you away)
And you just keep on getting closer
(When you're the one that I've kept closest)

Go slow
Go slow
Go slow
Go slow
Go slow 
 
Crystalised, The XX (27 Abril 2010)
Já sei o que vou pedir ao Pai Natal. Uma grande caixa de chocolates. Sugestão da Luísa, sugestão aceite. O Pai Natal pode é não ma dar porque eu portei-me mal, fui um menino muito feio e muito mau. E só peço desculpa por isso.

domingo

Slow Motion Story 1 - O espantalho e a boneca de porcelana

Quando eu era pequeno, e já depois de o meu pai falecer, a minha mãe dizia-me sempre para ter o cuidado de não me apaixonar por uma boneca de porcelana. De facto, quando um espantalho e uma boneca de porcelana se cruzam, a probabilidade de nascer uma boneca de porcelana é de apenas 25%, o que torna as bonecas de porcelana únicas e especiais. Isto aumenta o número de espantalhos que procuram satisfazer uma mesma boneca de porcelana, e a minha mãe queria que eu não sofresse.
Há uns meses, conheci alguém. Nesse dia, ela tinha um vestido preto que lhe ficava perfeito. Metemos conversa um com o outro e acabámos por trocar contactos. A amizade foi crescendo a uma velocidade estonteante e depressa um sentimento que os espantalhos não sentem, pelo menos em 99% dos casos, foi crescendo. A minha avó disse-me que os Homens chamavam-lhe de amor, que o sentiam a toda a hora e não paravam de falar sobre ele. Acabei por perceber que ela tinha razão, algum tempo mais tarde, e que a cada dia esse dito "amor" estava a crescer.
No entanto, descobri que ela era uma boneca de porcelana, no dia em que ela apareceu à minha frente, do nada, de camisola, casaco, saia e collants pretos, sapatos de salto alto e um chapéu azul com uma flor, de lado. Fiquei sem saber se seguia em frente ou dava ouvidos à minha mãe, mas acabei por decidir ignorar a segunda opção e vim a descobrir que ela já tinha par.
Apesar de tudo, algo de estranho aconteceu. Ela soube das minhas intenções e disse-me que gostava que um dia eu pudesse ser o seu par. E eu, peguei no meu chapéu de palha, encostei-o ao peito com a mão esquerda, estendi-lhe 5 pequeninos bocados de madeira e ela dançou comigo.
Hoje olho para trás. Não sou o par desta maravilhosa boneca de porcelana, mas não vou deixar que a partam. Nem que a tenha que pôr na prateleira mais alta da estante, onde só chego se subir a um banco da cozinha.

terça-feira

Há já algum tempo que não tenho feito textos como fazia dantes. Sei lá, a falar sobre a minha vida, ou a falar sobre mim, ou sobre o que acontece à minha volta. Há já algum tempo que tenho deixado escapar umas histórias que me ponho a imaginar na minha cabeça, ou simplesmente posto músicas que me dão a volta à cabeça. E eu já costumava usar metáforas, mas ultimamente tenho usado metáforas metafóricas, ou algo que se pareça com isso, que seja algo do género. Não sei se realmente lhes posso chamar metáforas metafóricas, soa a pleonasmo e eu só gosto moderadamente de pleonasmos.
Hoje estou frágil. Como diz o Jorge, "Esta noite estou tão frágil, já nem consigo ser ágil". E talvez seja a isso que se deve esta súbita mudança, esta súbita falta de palavras que eu pensava ter no porta-bagagens que afinal se calhar já não tenho. E esta fragilidade era bem melhor longe daqui.

Sabes? Gosto de ilhas desertas. Porque assim posso chamar por ti sem ter ninguém a chamar-me de louco. Mas ilhas desertas só contigo. Assim, não teria que esperar de mês a mês por um abraço quando estou como hoje. Frágil. Porquê?




E é giro, porque esta última frase tem dois sentidos. E provavelmente, para além de mim, serás a única a saber o que realmente quero dizer.

And I said 'Ok Computer'

Sabem? Eu amo o meu computador. Tem facebook, tem blogger, tem msn, tem música. E é tudo grátis. E eu posso usar qualquer destas 3 coisas quando quiser. Facebook, dá para falar com quem eu quiser e dá para partilhar. Blogger, dá para escrever para quem eu quiser e quando eu quiser. Msn, dá para falar para quem eu quiser. E música... dá para ouvir quando eu quiser, a que eu quiser. É só clicar.
E o meu computador diz-me: "I'm going to play this song, Let Down, for you, is that ok?" E eu digo: "Ok Computer".

Transport, motorways and tramlines
Starting and then stopping
Taking off and landing
The emptiest of feelings
Disappointed people clinging on to bottles
And when it comes it's so so disappointing

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around

Shell smashed, juices flowing
Wings twitch, legs are going
Don't get sentimental
It always ends up drivel

One day I'm going to grow wings
A chemical reaction
Hysterical and useless
Hysterical and ...

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around

Let down again
Let down again
Let down again

You know, you know where you are with
You know where you are with
Floor collapsing
Floating, bouncing back
And one day....
I am going to grow wings
A chemical reaction
Hysterical and useless
Hysterical and...

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around 

Radiohead, Let Down (16 de Junho de 1997)

I am Amnesiac (3)

Gosto de metáforas. Porquê? Por isto:

Everything, everything, everything, everything
In its right place
In its right place
In its right place
In its right place

Yesterday I woke up sucking a lemon
Yesterday I woke up sucking a lemon
Yesterday I woke up sucking a lemon
Yesterday I woke up sucking a lemon

Everything, everything, everything
In its right place
In its right place
In its right place
Right place

There are two colours in my head
There are two colours in my head
What, what is that you try to say?
What, what was that you tried to say?
Tried to say... tried to say...
Tried to say... tried to say...


Radiohead, Everything in its right place (2 de Outubro de 2000)


I wish you will take this amnesia away from me next weekend.

sábado

Episódio 4

A minha filha está a chegar à minha campa. Ela sabe o sítio exacto, até de olhos fechados. Já decorou quantos passos são necessários para lá chegar, até. E ela fala-me, sabendo que eu estou a ouvir.
"Olá pai. Já lá vão 12 anos. Trouxe-te estas flores. Das que tu costumavas dar à mãe. Girassóis. Ela contou-me, algum tempo depois de... mo-rre-res..., que quando eram mais novos costumavas dizer que ela era o teu sol. E cá estou eu, a oferecer-te girassóis, porque... tu eras o meu sol, e... pai, eu tenho tantas saudades tuas."
Ela não se aguenta mais. Chora como nunca alguém chorou e estende o seu corpo sobre a minha campa. O seu namorado, um rapaz até bem parecido, aproxima-se dela, ajoelha-se na areia e faz-lhe festas na cabeça. Ele parece ser boa pessoa, e certamente a vai fazer feliz. De certa forma, eles fazem-me lembrar eu e a minha ex-mulher. Quando éramos mais jovens, e ela ainda era boa pessoa.
E eis que ela me surpreende. Também me veio visitar. Talvez seja verdade, talvez ela agora seja melhor pessoa outra vez.
Tenho saudades de viver. De abraçar a minha filha, de a segurar nos meus braços, de lhe dar de comer, de lhe limpar as lágrimas quando chorava porque tinha caído ou simplesmente por uma briga com uma amiga. Não a ensinei a andar de bicicleta, não a ensinei a ler, não a ensinei a escrever, não a ensinei a tocar guitarra ou piano. E perdi tantos aniversários dela. Perdi tanta coisa. É que, acontece tanto nos primeiros anos de vida, na infância. O resto da vida parece só uma recta que de vez em quando muda para uma curva pouco acentuada, para depois voltar a recta. As coisas quando somos adultos parecem todas tão lineares. O nosso dia a dia, é sempre o mesmo. Não aprendemos nada, só ensinamos. Aos nossos filhos, a outras crianças (se somos professores). E a piada de viver parece que desaparece, e era assim que pensava antes de morrer, admito. Mas hoje, se é que posso chamar pensar a isto, se é que eu de alguma forma ainda existo, lamento imenso ter tido uma mente tão fechada. Ensinar pode parecer tedioso, mas na realidade, acho que é o melhor que há. Porque eu até ensinei alguma coisa à minha filha. Ensinei-a a falar. E isso deixou-me tão maravilhado. Parece um milagre, a fala. Aprender palavras. Construir frases. E eu lamento, a sério que lamento, não ter ensinado nada mais à minha filha. Nem a ensinei a defender-se. E as memórias tácteis que tenho dela são quando ela ainda era uma pequena criança indefesa e inocente.
Como eu lamento ter morrido. Mas é assim mesmo, a vida. Nasce-se, aprende-se, cria-se, ensina-se... e morre-se.

Continuas a descrever a tua vida, ou o que resta dela. E lamentas não poder fazer mais nada.

sexta-feira

Sketches from a dead man

Episódio 1
Episódio 2
Episódio 3

Já morri há algum tempo. Hoje, observo a minha filha e a sua vida de outro ponto. Um ponto nunca antes imaginável, um ponto que não existe, sequer. Podes tentar inventá-lo na tua cabeça, mas não me parece que o consigas desvendar. É impossível. Porque há coisas impossíveis. É uma coisa infeliz de se saber, é, mas há coisas impossíveis. Nós não queremos que isso seja verdade, mas... Não há outra forma.
Está tão crescida, a minha pequena. Para mim será sempre pequena, pois a última vez que a tive nos braços ela era ainda apenas uma criança. Hoje a mãe é boa pessoa, o meu irmão olha por ela como se fizesse o meu papel. E a minha filha? Até namorado tem. Coisa de gente grande, e a minha pequena já sabe o que é sentir mãos a agarrar outras como quem agarra o mundo, já beija outros lábios como quem experimenta algo nunca antes experimentado, mas sabendo que o que estão prestes a ter na boca é o melhor que existe.
Gosto do cabelo dela. É parecido com o da avó paterna. Gosto dos olhos dela, são parecidos com os olhos da mãe dela, senhora outrora dona do meu coração, agora dona de nada, nem de si mesma. Gosto do andar dela. Andar de quem perdeu o pai, que sempre amou e sempre sentirá bem junto dela, mas de quem sabe que não vale a pena chorar por ele. Porque ele não ia querer isso. E, de facto, não quero ver a minha filha a passar o resto da sua vida a chorar a minha morte. Lembro-me de quando lhe contava histórias, antes do deitar, e quando ela dizia que tinha medo de nunca mais me ouvir a contá-las eu dizer: "Se o algo acontecer ao papá, promete que não choras, sim? Lembra-te que seja como for, ele vai estar sempre a olhar por ti e a proteger-te".
Mas a verdade é: como é que explicamos a uma pequena indefesa e inocente criança o que é a morte e que ela pode perder o pai, pessoa por quem sente mais carinho, que ela pode chegar a qualquer momento e levar quem ela conseguir agarrar, com as suas presas fortes e destemidas? Não dizemos, não explicamos. E, por isso, ficamo-nos pelas pequenas formas de ir introduzindo o tema. O problema é que podemos nunca ter tempo de acabar de contar esta história. E foi isso que me aconteceu. E é pena eu não me ter lembrado de escrever uma carta, tipo testamento em que deixava nada que não memórias e palavras de conforto, para a minha filha. Pergunto-me, se é que eu penso, agora, porque não o fiz, porque fui tão burro a ponto de não ter pensado que podia ter acontecido.
Faz hoje uns anos que morri. Agora percebo porque a minha filha está vestida de preto e agarra o namorado como o seu mundo se fosse desmoronar. Porque vai. Porque ela vem-me visitar, e dizer que me ama. E sabe que eu vou ouvir, mas não vou poder responder.

E tu descreves a tua vida, ou o que resta dela, ou algo que não é possível identificar, mas que no fundo sabes que existe, porque estás a vivê-la. E a ver a tua filha. A coisa mais importante para ti em vida.

I am Amnesiac (2).

Hoje estarei provavelmente num dia não. É incontornável, esta verdade. E gostava de fazer uma limpeza de software. "I wish I could be amnesiac right now". E a verdade, é que desta vez, eu sinto-o, realmente, sinto a necessidade de uma dita limpeza geral. Pode parecer estranho, eu sentia-me tão bem de manhã e hoje, agora, não.



I jumped in the river and what did I see?
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cards
AND All the figures I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt

I jumped into the river
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cards
AND All the figures i used to see

All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt

There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt

Radihead, Pyramid Song (16 Maio 2001)


Tenho novidades para ti. Más. É muito provável que não volte a estar contigo em 2010.

Post 73.

I am Amnesiac (1)

Às vezes desejo ficar, repentinamente, com amnésia. Assim podia esquecer aquilo que me apetecesse, podia fazer de conta que tudo é perfeito, que tudo é à minha maneira.
Mas não é.
Às vezes desejo que tudo fosse como no suposto paraíso. Naquele paraíso com que sonhamos todos os dias.
Pois ele não existe.
E tudo o que resta, são estas "Amnesiac sessions".


Come on, Come on
You think you drive me crazy, well

Come on, Come on
You and whose army
You and your cronies

Come on, Come on
Holy Roman empire

Come on if you think
Come on if you think
You can take us all
You can take us all

You and whose army
You and your cronies

You forget so easy
We ride tonight
We ride tonight
Ghost horses
Ghost horses

We ride tonight
We ride tonight
Ghost horses
Ghost horses
Ghost horses

Radiohead, You and whose army (4 Junho 2001)

I Wish I could be Amnesiac right now.

Radiohead

Sejam felizes como eu fui.

terça-feira

AventurA

"Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar". Esta frase não é minha, mas despertou-me o bichinho. Opá, não me perguntem, fez-me apetecer-me escrever. E eu já devia ter escrito na altura, tinha uma coisa boa sobre a qual ia escrever, juro, mas não me lembro. A minha memória ultimamente tem sido afectada. Parece que só ficam algumas coisas. As que me apetece mesmo mesmo muito guardar. Como aquelas de ficar em pé a ouvir uma voz que não vejo, que não sinto perto de mim. Só oiço, só tenho direito a um cheirinho. E queremos sempre mais, mas esta voz está longe, e é tão difícil saber que não vou poder ter esta voz nas minhas mãos em breve. E eu queria tanto, queria tê-la aqui, queria que ela visse o meu sorriso enquanto fazia som, queria ver o sorriso dela enquanto me deliciava a ouvi-la.
Eu quero muito, juro, quero acreditar muito que a frase é verdade. "Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar". Juro que quero sentir cada palavra verdadeira. Mas há uma aventura que para a qual eu quero muito partir que não tem sentido se eu não puder chegar. E o problema de eu ainda estar aqui sentado? Não tenho coragem para ir lá. Quero muito agarrar numa mochila, guardar uma escova e uma pasta dos dentes, um pijama (apesar de o pijama ser sobrevalorizado :P), uma muda de roupa, e partir à descoberta. Descoberta? Sim, eu não sei onde a voz mora :P Mas nem é por isso que eu não tenho coragem. É porque tenho medo das consequências. E eu amo-a, eu amo a voz, perguntem a quem quiserem. Mas não dá.
Big question: alguém é capaz de criar um aparelho que elimine as consequências, e me leve à voz? Obrigado. Não tenho muito dinheiro, mas as minhas poupanças estão disponíveis para pagar. As minhas poupanças estão disponíveis para a voz. As minhas poupanças estão disponíveis para esta AventurA. E afinal a frase é verdade: "Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar". Se eu partir nesta aventura, é certo que vou chegar.

domingo

O contador de hotéis voltou ao início.

AA - Alexandra Amarela

É giro quando nos pomos a contar histórias de quando éramos pequenos. É giro rever as coisas que pensávamos na altura, a forma como víamos o mundo. É giro vermos como nos imaginávamos, neste preciso momento. Eu não me imaginava sentado em frente ao computador a escrever num blog, há uns anos atrás. Imaginava-me no quarto, talvez a ouvir música e a escrever PARA MIM.
É, é verdade. Quando eu era pequeno imaginava-me anti-social para sempre, um rapaz que passava a vida deprimido, a querer estar no seu mundo e apenas no seu mundo. Mas e repente tudo mudou. E eu tinha-vos contado o que aconteceu nessa altura, mas decidi apagar tudo. Porque as pessoas que eu queria que soubessem que a presença delas na minha vida é importante já o sabem, e sabem quão importante é Coimbra.
Aliás, eu vou ser-vos sincero. Eu não vim aqui para falar do passado longínquo. Não vim aqui para rever todas as minhas memórias. Há algumas que magoam bastante.
Mas deixemo-nos destas coisas. Tu sabes do que vim falar, sabes que te vim escrever. Porque as tuas mãos são amarelas, o teu cabelo é laranja e a tua boca (e olha que eu já olhei muito para ela) é azul. Sim, sim, pareces o arco-íris. E então? Quando eu era pequeno sonhava um dia fazer uma visita de estudo ao arco-íris. Sim, isto parece idiota, e então? Hoje eu sonho fazê-lo contigo. E sei que nunca o vou poder fazer, mas desejo que um dia pegue nas tuas mãos amarelas, mexa no teu cabelo laranja e beije a tua boca azul. Talvez um dia isso aconteça, talvez não. Que importa? O que importa é que já tive o arco-íris na minha mão. E nada mais importa.
Comentei no blog de uma pessoa que é pena que a felicidade não venha em pequenas caixas. E é mesmo pena. O mais giro é que afinal até pode vir, já que os telefones vêm em caixas pequenas. E eu não sei, mas o telefone é uma caixa amarela de onde vem a felicidade, de onde vem a tua voz.
O céu de dia é azul, as nuvens são brancas e a minha felicidade é amarela, porque tu és amarela. E eu não gosto de amarelo, mas gosto de ti. And you know I love you so.

segunda-feira

Sabes? Estou feliz. E sinto-me bem, porque sei que também estás feliz. Estavas com sono, e o sono faz-te pensar, e estavas mal disposta pelas noites recentes mal dormidas. Nem a noite que eu tentei fazer-te chorar de tanto rir foi bem passada. E isso deixa-me triste. Mas eu estou feliz, sabes? Mesmo estando as coisas nas circunstâncias em que estão, tu fazes-me sentir bem, tu fazes-me bem, e eu estou bem contigo.
"Temos de viajar para o futuro para o tempo em que inventarem o teletransporte. :b o que implica que vamos ter primeiro de inventar uma máquina de viajar no tempo xD o que implica que estamos mesmo tramados xD"
Podemos não ter teletransporte nem máquina do tempo, mas podemos falar todos os dias :) Só é pena que Dezembro ainda demore a chegar.
É pena. Principalmente quando se quer estar muito com alguém.

A Alexandra faz anos :)

Pé ante pé, desces a rua, de saltos altos, com cuidado para não caires. Ofereço-te a minha mão, e tu aceitas. Entrelaço os meus dedos nos teus e prometo-te que não te deixo ires ao chão, não te deixo magoares-te. E vamos lá pensar. Estavas prestes a fazer 17 anos, faltavam apenas algumas horas e eu não te queria magoada no teu dia de anos. :/
Na realidade, o número de dias que passaram desde o dia em que conhecemos alguém não é um bom indicador do grau de conhecimento de uma pessoa. Aliás, eu conheço-te quase como uma palma da minha mão, e tu a mim. Vá, não chega a tanto, mas pronto :b o ponto é: já nos conhecemos ao ponto de gostarmos muito um do outro :) E isso é que é verdadeiramente importante. Não é se tu és querida e eu sou fofinho, não é se tu és pequeníssima e eu eu sou bastante mais alto que tu. O que é realmente interessante é estarmos bem quando estamos um com o outro :).
Sabes, este fim de semana ajudaste-me a descobrir que sentar no fim/início (depende de quem desce e de quem sobe :b) das monumentais, ao frio, a falar, a olhar para o céu de vez em quando, vale a pena quando a companhia é a melhor. Pois bem, eu estou a ajudar-te a tornar estes 17 anos especiais, porque já viste? É o primeiro aniversário que celebras desde que me conheceste! (e não digas que isso torna-o uma porcaria, que eu fico já na azia contigo outra vez :b) E não é só isso, sei lá. Eu acho que mais que 16 ou 18 anos, fazer 17 anos é uma coisa especial, é importante. Acho que a melhor altura da vida é quando se tem 17 anos. E espero que este ano seja o melhor que tu podes ter :).
Parabéns, Alexandra :) Tenho é pena de não poder estar com as pessoas que me são mais importantes quando elas celebram o seu aniversário... :/
Ah, btw, sabes aquela banda, os Oasis? Eles têm músicas mesmo fixes, não têm?
Today is gonna be the day
That they're gonna throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you gotta do
I don't believe that anybody
Feels the way I do about you now

Backbeat the word was on the street
That the fire in your heart is out
I'm sure you've heard it all before
But you never really had a doubt
I don't believe that anybody feels
The way I do about you now

And all the roads we have to walk along are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would
Like to say to you
I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

Today was gonna be the day?
But they'll never throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what you're not to do
I don't believe that anybody
Feels the way I do
About you now

And all the roads that lead to you were winding
And all the lights that light the way are blinding
There are many things that I would like to say to you
I don't know how

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after all
You're my wonderwall

I said maybe
You're gonna be the one who saves me ?
And after an
You're my wonderwall

Said maybe
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me
You're gonna be the one that saves me


Wonderwall, Oasis (31 Outubro 1995)

I don't believe that anybody feels the way I do about you now.

Sabem? Eu sei que os textos grandes às vezes (ou sempre) parecem uma grande seca, mas é a melhor maneira (juntamente com a música e, claro, vocês) que tenho de pôr tudo em pratos limpos. Tudo o quê? O que não tenho coragem de dizer. Quem me dera ter um coração de leão.

Sit and drink.

Um fim de semana prolongado dá para muita coisa. Dá para dormir até mais tarde um dia. Este em especial até nos deu uma hora a mais, para compensar os ganhos algures pelo caminho.
Mas não vim escrever para dizer que adoro fins de semana só porque um gajo qualquer deciciu fazer uma revolução, ou porque é o dia de celebrar aqueles que já partiram (para isso tinha ficado na caminha que está quentinha e aqui tenho os pés frios). Aliás, eu odeio o dia 1 de Novembro. Não que não goste de ir visitar o meu avô, mas... é por isso mesmo. É que tenho de ir visitar o meu avô. Segurar a minha avó para que ela sinta que apesar de ele ter partido ainda há pessoas ao pé dela vivas que a amam. E eu adoro a minha avó, a sério. Tem instinto maternal. E digo-vos: às vezes sinto mais a minha avó como mãe do que a minha própria mãe. Sei lá, é uma coisa que acontece.
Mas também não me apetece falar da minha avó. Ela hoje magoou-me tanto, com aquelas três palavras. E apesar de a seguir ter dito: "isto é para ti", e ter-me mostrado algo a que não prestei muita atenção. Estava mais preocupado com não deixar que a minha avó inconscientemente abrisse as feridas que saro todos os dias, antes de dormir.
Mas estou a divagar tanto, hoje. A verdade é que hoje vim falar-vos de algo que já falei há alguns dias. Da minha viagem à ilha deserta. Descobri que afinal cabem mais músicas no meu telemóvel do que eu pensava. Fogo, agora aquilo parece do tamanho do mundo! Tenho tipo 500 músicas dos Radiohead, uma data delas dos Kings of Leon e dos The XX e dos Kaiser Chiefs e dos... Bah, qual é o ponto? A música ajuda-me imenso, mas há alturas em que não posso prestar-lhes atenção. Nem cantar com elas. E isso sucka bastante, mas que hei-de fazer? Tenho aulas, estou com outras pessoas, não me posso pôr a cantar ou a ouvir música e tornar-me extremamente anti-social.
A verdade, é que a verdade não existe. A verdade, é que tenho saudades. Gostava que todos os dias fossem cheios de guloseimas e cheios de afecto. Cheios de sorrisos. Algumas tristezas também fazem bem, mas só aquelas que outrora nos fizeram felizes e nos marcaram. Como o meu avô.
Ah, claro. E aqueles dias que passamos com as pessoas de quem mais gostamos. E quem me dera que todos os dias fossem desses dias. Quem me dera poder escolher que quero a meu lado, a fazer-me companhia e a ajudar-me todos os dias. E se eu pudesse escolher, se eu pudesse decidir, juro que íamos todos viver para uma ilha deserta. Só nós. Porque eu sei que vocês também queriam. Porque eu sei que tu querias.

E juro. Não ia sem um oásis à vista.
Sabes, Alexandra? Gosto muito de estar numa ilha deserta contigo, mas preciso do Miguel, da Catarina, da Luísa, do Fred. E do João. Para me ajudar a animar-vos.
Hoje a minha avó disse-me as palavras mais duras: "quando", "eu", "morrer".

Mas eis que eles me ajudam:

sábado

Hoje é um daqueles dias. Não sei se às vezes também te acontece a ti, mas há dias em que me apetece desaparecer para uma ilha deserta. Hoje é um desses dias. Em que me apetece desaparecer completamente.
Levar música, caneta e um bloco no bolso. Levar a guitarra às costas. Calçar umas sapatilhas velhas que já não me servem. Vestir calções e t-shirt. Desaparecer. Arejar as ideias. Sentir a maresia dentro dos pulmões, debaixo do nariz. Ter as sapatilhas velhas cheias de buracos a deixarem pequenos grãos de areia aleijarem-me os pés. Os phones nos ouvidos. O suor a pedir um bom banho no mar, mar que encontro nesta altura à cabeceira.
Estendo a toalha. Tiro e atiro para perto da guitarra as sapatilhas gastas. Sacudo os pés. Deito-me. Inspiro. Estou no paraíso. É tudo tão perfeito. Tudo tão sereno, tão feliz. Tudo tão perfeito.
Quero desaparecer para uma ilha deserta. E ainda não vos disse o melhor. É que eu tenho companhia.

sexta-feira

Come on take my hand. I'll protect you. I promiss you i'll never let you get hurt.

Come on down and dance,
If you get the chance,
We're gonna spit on the rival.
All I wanna know,
Is how far you wanna go,
Fighting for survival.

Underneath the stars,
Where we parked the cars,
Ain't showing signs of stopping.
Pretty little girls,
Naked to their curls,
Ready to lay in the coffin.
If you wanna go,
I'm gonna go,
I gotta fire burning.
Come on take my hand,
Hope you see your man,
Baby's gonna be a big one.
Baby's gonna be a big one.

If you see the lights,
And we hear the fights,
It's gonna be a stunner.
I've got something here,
If you give me one more beer,
I'm gonna call a runner.
I don't want to say,
What I have to say,
If I'm a' kicking off now.
If you wanna go,
I'm gonna go,
I'm going back down south now.
I'm going back down south now.
I'm going back down south now.

If you wanna go,

I'm going back down south now.
Go on take my hand,
I'm going back down south now.
Wait 'til you see the light,
And we hear those fights,
I'm going back down south now.
I don't want to know,
How far you wanna go,
I'm going back down south now.

I'm going back down south now.
I'm going back down south now.
I'm going back down south now.
Oh, yeah.
I'm going back down south now

Back Down South, Kings of Leon (2010)

quinta-feira

Hoje aprendi uma coisa nova. Aprendi a dor que o silêncio causa. Aprendi que o silêncio grita agudo e mudo, e o coração é como uma janela, e os vidros da janela partem-se, e o meu coração parte-se com o silêncio dela. E eu pergunto-me se foi por minha culpa. Pergunto-me se fui eu, pergunto-me se errei mais uma vez.
Sabes? No domingo estava-me a apetecer fazer o que me apetecia. E se tivesse a certeza que estavas como eu ter-te-ia beijado. Sem pensar duas vezes.
Eu bem disse, hoje foi o meu dia de azar. Magoei uma amiga, esqueci-me da t-shirt em casa, e escutei o silêncio. Nunca pensei que pudesse ser tão verdade, mas o silêncio vale mais do que mil palavras. Mesmo. O problema é que neste caso eu não consigo perceber a língua que o silêncio não para de falar, e não consigo perceber a ordem correcta das palavras que o silêncio usa aleatoriamente, sabendo que o importante é dizer todas as palavras do puzzle. E eu gosto de puzzles, mas este puzzle é uma merda. As peças não se juntam umas às outras.

segunda-feira

Hoje estou feliz. Vou ser sincero convosco, isso não acontece verdadeiramente muitas vezes. Mas nos últimos 14 anos só me senti melhor e mais feliz do que sinto agora e me senti este fim de semana uma vez: quando estive em Londres. E quem me conhece sabe. Londres é a cidade dos meus sonhos, Londres é tanto mas tanto para mim. As ruas tão limpas, as pessoas tão simpáticas, que sorriem para ti quando passas por elas, como se te conhecessem desde pequenino. É tudo tão bom. E eu agora estou feliz. Não tanto quanto nessa altura, mas estou tão feliz. Porque finalmente estou a conseguir fazer alguma coisa de jeito, e porque finalmente me fizeram rir com vontade, e tudo mais. Tantas mais aparentemente insignificantes coisas que são catalisadores ou inibidores (não sei bem se aceleram ou se desaceleram), que alguém, talvez inconscientemente, juntou à reacção e que não aparece no final e nós não conseguimos decifrar o que foi. E torna tudo tão confuso. Mas belo. E feliz. E deixa-nos a escrever textos curtos.
A felicidade é a melhor coisa que há. Encontra-la em todos os cantos, nas esquinas das ruas, debaixo da cama, na praia, junto ao mar, nos teus amigos, nas pessoas à tua volta. Mas só se a agarrares com unhas e dentes é que consegues uma porção microscópica para ti.

And lay it down slow.

quinta-feira

Short story number four - How I Met Your Mother

Filhos, hoje vou contar-vos a história de como eu conheci a vossa mãe.
Estávamos no ano de 2015, e tudo era muito diferente de como é hoje. Eu tinha mudado de escola, porque ia para o secundário, bem como a vossa mãe. No dia de apresentação dos alunos aos directores de turma, apenas metade das pessoas tinham aparecido, e eu e a tua mãe fazíamos parte dessa metade.
- Nerds... - disse o filho.
- Cala-te, deixa o pai falar! Quero saber a história. - disse a filha.
Bom, continuando, eu e a vossa mãe éramos da metade que tinha aparecido na escola e digo-vos, quando a vi pela primeira vez, fiquei logo deliciado com ela. E foi por isso que decidi sentar-me ao pé dela.
- A sério? Que romântico! - disse a filha.
Não, estava a brincar. Isto foi com a vossa tia Leonor.
- A TIA LEONOR?! - perguntaram os filhos em conjunto.
- E a mãe? - questionou a filha.
Calma, estou a chegar lá.
Estávamos a meio da apresentação, e alguém bate à porta.
- Era a mãe? - perguntou o filho.
Não, era uma empregada da limpeza.
Enfim, entretanto, olho para o outro lado da sala, para ver que pessoas é que estavam na minha turma, ver se conhecia alguém ou não. E foi aí, que os meus olhos poisaram...
- Na tia Leonor? - perguntou o filho.
Não! Na vossa mãe. Tinha o cabelo preto, a pele macia, tudo nela chamava a atenção. Era a rapariga mais bonita que eu já alguma vez tinha visto.
No final da apresentação, estávamos a sair, e o telemóvel dela caiu. Eu peguei nele para lho dar, e começou a dar a "Good Feeling" dos Violent Femmes. Por isso é que a música é tão importante para nós. E por isso é que obrigámos a banda que tocou no nosso casamento a tocar essa música.
- Ah, sim, a história de teres partido a guitarra a um tipo duma banda - lembrou-se o filho.
Sim, isso. Mas deixem-me contar-vos como começámos, eu e a vossa mãe, como tudo aconteceu.
- Nah, já sabemos como se conheceram e não foi interessante, logo o resto é só secante. - disse a filha e saiu, juntamente com o irmão.
Crianças. Não acreditam na magia do amor.
Hello Miss evening
Nice to see you again
I know you stole the sun
But I hope you came to show

Where did I go wrong?
And am I forced to be strong?
I know you won't change
I know you won't change

Singin' ah, a-ah
Tu es, tu es le soleil
Ah, a-ah
Tu es, tu es le soleil

Hello Miss evening
Nice to see you again
I know you stole the sun
But I hope you came to show

Where did I go wrong?
And am I forced to be strong?
I know you won't change
I know you won't change

Singin' ah, a-ah
Tu es, tu es le soleil
Ah, a-ah
Tu es, tu es le soleil

Let it come to an end
Farewell

Miss Evening, Manana

segunda-feira

Descobri algures no facebook uma coisa que aleatoriamente te diz qual é a cidade que te apetece visitar. Curioso, saiu Miami. Tenho um comentário a fazer em relação a isto: o facebook é awesome, mas não me conhece nem um bocadinho. Eu nem preciso de pensar duas vezes. Se eu pudesse, fechava os olhos, esperava 10 segundos, abria e estava em Londres. Onde os sonhos parecem realidade, onde te sentes o dono do mundo, onde as pessoas passam por ti e te sorriem como se te conhecessem desde sempre.
Sim, Londres é a terra dos meus sonhos. Se me conheces bem e estiveste a perder tempo comigo, enquanto eu chorava baba e ranho, enquanto lamentava estar naquela situação, então sabes que sim, que faria qualquer coisa, que daria tudo para lá estar.
Obrigado, Miguel. Obrigado por seres o irmão que sempre precisei.
Sabem? Vocês, meus caros leitores e seguidores, são quase a melhor coisa que existe. Prometo que vou voltar a escrever sobre vocês. Em breve. (E esta promessa irei cumprir. Em breve)

O chão que piso todos os dias parece cada vez mais escasso. A área que parecia ser suficiente para tudo o que preciso todos os dias é, agora, uma pequena porção de quase nada. A música, a escrita, os amigos, as conversas. Tudo ocupa tanto mais espaço que aquele que calculei inicialmente. E ainda por cima há aquelas coisas que acontecem também todos os dias. Umas que me são indispensáveis, outras não. Outrora, conseguia usar uma só fórmula para calcular o espaço que tinha para mim. Hoje, tenho de subtrair à área total mil e uma coisas. E o que sobra? 10 nanómetros. É que mesmo que ficasse sempre em pé, pusesse as coisas umas em cima das outras, ia acabar por não ganhar muito mais espaço. E os meus pés têm, pelo menos uns 20 cm. Ou mais.
Mas não faz mal. Eu já não faço parte do meu mundo.

sábado

1236 Hotéis. 1236 Hospedagens. 1236 Pessoas que gastaram o seu tempo a, pelo menos, abrir e fechar o blog. 1236 Aquecimentos do meu coração. Obrigado.

sexta-feira

Jeff Buckley. Já alguma vez ouviste este nome? Tem a versão mais conhecida da Hallelujah, compositor da Lover, you should have come over e autor do álbum Grace. Jovem promissor. Tinha uma vida tão grande pela frente. Eu hoje podia estar a ouvir o álbum dele saído no ano passado, ou mesmo neste ano.
Morreu com 30 anos. Irónico, morreu afogado. Os pulmões, de onde saía o fôlego que provocava aquela voz fantástica *.*, encheram-se de água e ele não pode mais respirar. E ainda por cima com uma carreira tão grande ela frente. Mas a morte é o fim de quase tudo, infelizmente. Apenas permanece a lenda.
Hoje o Miguel perguntou-me no msn se eu sabia teletransportar pessoas. Pois bem, se eu soubesse, havia duas pessoas que eu teria teletransportado. Uma através do tempo, o Jeff Buckley. A outra, a mais importante de todas, tu, Matilde, no espaço. Gostava de te ter aqui, passar a mão pelo teu cabelo, olhar-te nos olhos e escrever para ti à tua frente. Mas as coisas não podem ser à nossa maneira. Nunca. É sempre a mesma coisa.
Prometo que da próxima vez que te vir te volto a dizer coisinhas bonitas, como aquelas que disse no último estágio. Que pelo menos aquecem o coração.
Amo-te :$ E tu já o ouviste da minha boca. E por maior que seja o tamanho de letra que eu use para escrever essa palavra, nunca vai ser de tamanho que expresse aquilo que sinto por ti :x Por isso escrevo-a pequena, para que possa entrar no teu coração de porcelana.

segunda-feira

Um texto não precisa de título para ser um texto.

Sabes? Quando andava na primária, a minha professora insistiu, várias vezes, que eu devia pôr título em todas as composições, textos, historinhas e afins. E eu, inocente e infantil que era, acreditei no que ela me disse. Mas hoje sei: um texto não precisa de título para ser um texto.
E pronto. Este texto vai ser uma treta por causa da parte inicial. É uma coisa que aprendi com o tempo. Uma coisa, por melhor que tenha uma parte maravilhosa, se tiver uma pequena, por mais pequena coisa que seja, for má, está tudo arruinado. Cada pequena partícula de uma coisa tem de ser no mínimo average para ser no mínimo boa. Eu sei que isto parece muito confuso, mas é como na matéria sobre lógica a filosofia. Fazes uns exerciciozitos e começas a perceber aquilo.
Por exemplo: eu não sou perfeito, eu posso ser óptimo a matemática (da escola), a formação musical, a decorar coisas, a escrever (e este último nunca saberei se o sou realmente), mas, no entanto, eu sou péssimo, e uma péssima pessoa. Há coisas em mim que são terríveis (terrível fica claramente abaixo do average). Por exemplo: eu faço-me (e digo-o, na maioria das vezes, quase sempre, mesmo, é inconscientemente) a várias raparigas, e às vezes ao mesmo tempo. E isso é terrível, e nem preciso de explicar porquê.
Enfim. Isto não passam de desabafos. Desculpem. Eu vou voltar a escrever sobre vocês. Prometo. E esta promessa vou fazer tudo para cumprir. Tudo o que não estiver ao meu alcance, para além daquilo que a que consigo chegar.
E sabes o que é melhor? É que tu és acima de óptima ou óptima em tudo aquilo que és, que fazes. E é isso que te faz fantástica.
I wish I could be crystalised.

quarta-feira

Matilde

Recentemente descobri que as saudades são duras, que a distância não aproxima as pessoas, que por mais que desejemos estar perto de alguém, por mais que fechemos os olhos e desejemos aquilo que queremos ver à nossa frente (como nos mandavam fazer quando éramos crianças), aquilo que desejamos poder abraçar e acarinhar quando até nós precisamos de uns miminhos.
Sempre me disseram que se quisermos muito uma coisa (a coisa que eu quero muito é estar contigo, sabes? é que... tu fazes-me bem :$) basta fecharmos os olhos, e com muita força pensarmos naquilo que queremos, desejarmos assim... Até à exaustão, as coisas acontecem. Mas afinal estas coisas que nos diziam não passavam de mentiras. Tentei ser criança, tentei imaginar, e cá continuam as coisas, iguais ao que estavam. Sem tirar nem pôr. Vá, ao menos isto tenho a mínima certeza que vais ler, porque estou a escrever para ti. É que eu acho que tu não sabes, mas eu escrevo para ti. Tantas vezes. E há pessoas que lêem o que escrevo, e gostam, e quem me dera que tu lesses. Só porque sim. Nem precisavas de gostar, bastava-me que lesses.
Sabes? Tenho tantas palavras para te dizer. Imensas, mesmo. Posso começar por: "adoro-te, e a distância existente entre nós mata-me"? Só porque ficas tão mais bonita quando coras, quando ficas com essas pequenas faces rosadas. E ao mesmo tempo, eu vejo os teus olhos brilharem. E os meus vão atrás.

Carta

Querida pessoa,

Hoje escrevo-te porque ultimamente me tenho perdido no tempo. Como faço muitas vezes. Enfim, tu lês os meus textos, sabes como me prendo e perco nas coisas e pessoas muito facilmente.
Hoje em dia diz-se que só falamos com as pessoas quando precisamos delas, e é por isso mesmo que te escrevo. Porque preciso de ti. Na realidade, e vou ser sincero contigo, ultimamente têm sido poucas as pessoas com quem tenho contactado sem ser por necessidade. Mas a última vez que isso aconteceu foi algures no início das aulas, acho. Liguei (`)a Música, só porque me apetecia. Mas mesmo até com a Música, só tenho ido ao seu encontro por necessidade. Sabes quando precisas que te digam aquilo que precisas de ouvir, mas parece que ninguém tu quer dizer? A Música diz-me aquilo que preciso e que quero ouvir. Diz-me tudo, a Música. De Pink Floyd a Radiohead, passando por Audioslave, The Offspring e Soundgarden, parece que a Música tem sempre algo para me dizer. É como o livro dos porquês (olha para as margens do blog, está lá a dizer o que é o livro dos porquês). É que quando eu era pequenino, costumava, às vezes, abrir o livro numa página completamente aleatória e ler o que o livro tinha para me dizer. Era sempre uma coisa nova. Algumas coisas ele já me tinha dito, mas há coisas fascinantes que nos apetece ouvir novamente. Como a voz da Música. Fascina-me sempre, por mais vezes que a oiça.
Enfim, se reparares acabei já por desabafar imenso contigo. Tu sabes que as coisas comigo não andam bem. Entre problemas familiares (mãe), os outros problemas que são supostamente familiares (pai - curioso, ainda hoje espero por aquela chamada), até aos problemas amorosos (vá, quem não tem destes...)... Eu devo ser um íman. Só que é um íman que só atrai merda. Sempre a atrair problemas. Se é lógico que isto aconteça, juro que não percebo esta lógica (da treta -.-').
Enfim. Vou chegar finalmente ao ponto crucial da minha carta. Venho pedir-te um favor. Ultimamente tenho falado tanto sobre a minha vida, que me tenho esquecido que nem eu nem tu falamos da tua. Que achas de eu voltar a falar sobre ti? Posso falar outra vez sobre a tua vida? Contar-te mais histórias sobre ti, ou tu contares-me mais histórias sobre ti? Sinto falta de alguma coisa, talvez seja isso... Deixas?

Aguardo a tua resposta, com muita amizade me despeço,
João.
Aviso: há um texto em falta antes do que vou copiar para aqui hoje (copiar porque o texto foi escrito hoje, há algumas horas atrás).

É giro. A caneta agora não me escapa dos dedos. Acho que já sei o que aconteceu. A verdade, é que eu já não escrevia há muito tempo. Com escrever quero dizer em papel. Os últimos 20 mil textos que escrevi foram feitos premindo cuidadosamente umas quantas teclas, algumas infinitas vezes.
Estou na aula de Biologia. Tenho mais que fazer (prestar atenção e aprender uns pares de coisas) do que estar a escrever textos. Mas quando ponho os meus olhos a ver o mundo, parece que é obrigatório escrever alguma coisa. É a rapariga da camisola branca, que está à minha frente, que fala com o rapaz à sua direita de t-shirt roxa. É o rapaz à frente dela, de t-shirt cinzenta, que está a escrever uma mensagem a alguém. É a 'stora a explicar a matéria para as duas grandes mesas à sua frente ouvirem. E eu, cá atrás, de t-shirt azul, reparo que o rapaz que está à minha direita, de t-shirt vermelha, espreita para a folha onde estou a escrever. (olha, engraçado, a 'stora acaba de chamar o rapaz de t-shirt roxa à atenção, por estar na conversa. Ao que parece "o João está coma  voz mais grossa").
É giro. às vezes escrevo sobre tudo, outras sobre nada. É que a minha vida é como uma pedra: a única maneira de a alterares é atirando-a a uma parede ou ao chão, e ela parte-se. Divide-se. E ainda assim, foi porque alguém a agarrou e largou, alguém que não eu, porque a vida é minha e as pedras não têm vontade própria.
Por favor, se queres moldar a minha vida, não a partas, como tantas outras pessoas fizeram. Derrete-a.

terça-feira

Hoje estava a precisar de escrever. Sei lá, precisava de deixar fluir algumas palavras. Estas que escrevi até agora são só palavras colaterais. Palavras que me tive de pôr a escrever só para explicar o porquê das palavras que vêm em seguida. Palavras que o meu cérebro seleccionou cuidadosa e instantaneamente. Instantaneamente como o crescimento da relva lá na Rodrigues Lobo, que aquilo a semana passada estava tudo castanho e hoje estava tudo verde (e com um tamanho considerável).
Hoje estive a pensar. Na minha vida, sabem? Estive a pensar em todos os obstáculos que se nos atravessam à frente, em todas as rampas que subimos, em todas aquelas pequenas coisas que às vezes pisamos por não as vermos (dah, elas são pequenas, ya?). Estive um quanto tempo a pensar nisso. A par e passo, fui fingindo que prestava atenção a aulas, que respondia a perguntas, que fazia exercícios. Que corria, que saltava à corda. Que ouvia conversas. Que ouvia as vozes dirigidas aos meus ouvidos. Passei um dia de fingimento. Mas chego ao fim do dia e deixo a mentira. Admito. Admito tudo. Admito que apesar de não parecer estava distraído, ausente, distante. Fui numa daquelas minhas viagens à lua, em que só levo a cabeça, e ela lá fica, a pairar no nada. Porque... Sejamos racionais? O que é que existe ali? Nada! A única coisa que podes fazer lá, é olhar para o mundo, ver como ele é bonito e imaginar as pessoas de quem tu gostas, com quem te preocupas, do tamanho de uma formiga, marcados com uma cor qualquer. Sei lá, se quiseres pode ser vermelho. Da cor do gostar. E vês as pessoas movimentarem-se cá em baixo de lá de cima, e queres tocar-lhes, abraçá-las, falar e rir com elas, mas não podes. Porque o tempo não deixa.
A vida é tão lixada, pá, já viste? Queres ser o dono do mundo, queres que o mundo real seja o teu mundo, e não pode ser. Se o mundo real fosse meu, toda a gente era escritora. Só porque eu queria. Porque escrever faz bem, e eu gosto de ver as pessoas de quem gosto e com quem me preocupo bem. E quero ver-te bem. E está frase dirige-se a todas as pessoas com quem alguma vez já me preocupei, de quem já alguma vez gostei. E este gostar não se restringe a amar. Quer dizer, restringe, se tu fores como eu e acreditares que "amizar" é uma forma de amar.
Sabes? A vida é como um bocado de plasticina. Todos lhe metem a mão, mas só os mais ágeis, só os mais perspicazes são capazes de a agarrar, segurar e moldar ao seu gosto. Era bom que o mundo também fosse assim. Era demasiado bom.

segunda-feira

Às vezes tomamos as pessoas como certas. Não só as pessoas, também as coisas. Sempre tomaste o teu carro como uma coisa certa. Tu giravas o volante para a esquerda, ele reagia contigo, virava para a esquerda. Tu giravas o volante para a direita, ele reagia contigo, virava para a direita. Mas hoje, parecia que não eras só tu que estavas bêbado. Tu não te lembras de o ter visto ao teu lado, no bar, juras que não te lembras. Bem, talvez tenha sido gasosa a mais.
Mas pedes ao teu carro para fazer o 4, para o testares. E ele, para grande espanto teu, cai. Bem, não cai realmente, mas vai contra o carro que está na faixa contrária. E tu tens um acidente. E és levado para o hospital.
Já no hospital, tomas as coisas como certas. Dizes a ti mesmo que vais morrer, e que nunca mais irás ter a tua filha nos teus braços. E adormeces. De repente. Fechas os olhos e perdes a força.

Abres os olhos. Procuras o telemóvel. Está desligado, sem carga. Viras-te para o lado e perguntas ao senhor da cama ao lado:
- Desculpe, que dia é hoje?
Ele responde-te. Passaram 4 dias. Não sentes uma das pernas. Levantas o lençol e, por momentos, assustas-te. Mas fica tudo bem. A tua perna continua lá. Só que envolvida em gesso. A tentar sarar. Como se fosse o caule de uma folha.
Mas tu queres passar os pormenores à frente. Porque este é o capítulo mais difícil da tua vida. Porque tu sabes, a tua vida acaba. Como se fosse uma trilogia. E sabes, uma trilogia só tem três livros, e este é o último.
Pegas no carregador do teu telemóvel (alguém o deixou lá). Chamas uma enfermeira, e pedes que o ligue a uma ficha perto da cama. Ligas o telemóvel, e ligas para a tua ex-mulher. Estás à espera de lhe exigires que passe o telemóvel à tua filha. Alguém do outro lado atende e chama-te por "papá". Ficas feliz. E tudo está bem.
7 meses depois. Já estás recuperado, já começas a correr junto ao rio à noite, como fazias dantes, e a audiência final é agora. Hoje. Estás nervoso. Achas que não vais conseguir ter a tua menina para ti. Achas que não vais ter aquilo que mereces, por direito. Aquilo que é teu, por direito. Mas eis que o veredicto final chega. E o facto de a tua filha ter dito que queria viver contigo sai a teu favor.
Festejas. Sorris. Ris. Abraças a tua filha, agradeces ao teu irmão (que é também teu advogado, mas tu neste momento olhas para ele apenas como irmão).
Subitamente, olhas para a tua ex-mulher. Sim, está mesmo a acontecer. A tua ex-mulher está a chorar, coisa que já não acontecia há 500 anos, para aí desde que a tua filha nasceu. Talvez ela não seja assim tão má pessoa...
E olha. Ironia do destino. Sais do Tribunal, dizes à tua filha para esperar por ti com o tio, que tu vais buscar o carro para irem para casa. Olhas para um lado da estrada, olhas para o outro. Os teus olhos só vêem coisas boas e felizes. E passadeiras, onde elas não existem. E não vêem carros a aproximarem-se de ti, perigosamente.

A tua vida acaba agora, descrita em palavras. E tu não sabes porquê, nem nunca saberás. Só sabes que ainda tinhas tanto para viver. Ao lado daquilo que é teu. Ao lado das pessoas que mais amas no mundo. Ao pé da tua filha.

Dedicado à Ana e ao Miguel.
Esta mensagem foi publicada em simultâneo no blog Corações Par-tidos, que encerra hoje a sua longa jornada.

Olá a todos. Hoje deixo uma parte de mim intacta, para sempre. Bem, talvez não seja para sempre. Na realidade, pode ser que um dia me farte de ver aquilo por ali e decida... puxar o autoclismo. Talvez um dia me apeteça desfazer-me de tantas outras histórias da minha vida, partes de mim, de vocês. Talvez um dia eu me farte daquilo que fui, que aconteceu, que um dia fez algum significado.
Hoje, despeço-me de todos. Não se desiste de escrever. Os escritores não são como os futebolistas. Não há idade para um "artesão" se retirar da escrita. Não é nem possível nem concebível que um escritor diga: nunca mais irei escrever. "Nunca digas nunca", diz o povo. E essa frase faz tanto sentido no mundo, na vida de um escritor.
Mas a verdade, é que hoje digo-vos: nunca mais. Nunca mais irei escrever. Nunca mais irei escrever naquele blog. Nunca mais vou reacender aquele passado.
Eu sei, isto parece muito "what the fuck? Então o tipo decide, assim do nada, desistir de escrever naquelas páginas?". Pois bem. Já há muito que aquelas eram apenas páginas do passado, há muito que deixaram de ser páginas do presente. E eu já só (e muito muito de vez em quando) releio uma ou outra página do passado. Só assim muito de vez em quando.
E agora aparece o David Gilmour e canta (não escreveu, isso foi o Roger Waters):
"So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skys from pain.
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?"
 
Não. Não consigo. Mas tu consegues. E eu hoje apenas me apercebi que aquele é um capítulo acabado da minha vida. E apercebi-me disso graças à tua ajuda. Tanto a tua como a do Roger. Obrigado aos dois.
E cá está. O blog Corações Partidos, partiu. Já não está mais entre nós. Hoje, já só restam as memórias.

terça-feira

Parabéns, Roberto. Gostámos de ver.
yo
é de loucos o que sinto por ti
sinto falta de ti
desejava tanto que 'tivesses aqui
e me desses o devido valor
porque acredito que a vida não é nada sem amor
não, sei que não sou perfeito
nem nada que se pareça mas eu respeito
o que vai na tua cabeça
que te gramo, que te adoro, que te amo
que te quero, que te venero, que te sinto, que te espero.
não me deixes mais nesta posição
nada é em vão tudo tem a sua explicação
e eu sei a minha
quando te vejo, falo, toco,
arrepio na espinha
e agora vai ser tudo de bom
quero ver a tua cara quando ouvires este som
ah e vou tentar ser mais coração mole
vou ligar-te para irmos ver o pôr do sol
e o amor é rápido

O amor é mágico, Expensive Soul

domingo

Short story number four - Lover, you should have come over

Era uma tarde em que o sol raiava como nunca: não raiava. Chovia a potes e as nuvens cinzentas preenchiam todos os pedaços do céu, não deixando que um pequeno feixe de luz sequer chegasse à superfície.
Ele caminhava pela rua com ela abraçada a ele, sob o guarda-chuva que os protegia da chuva intensa que caía como pequenas pedras, mas que não tinham tamanho suficiente para se chamarem pedras, e era isso que tornava aquelas gotas de chuva awesome. E quando o dia começara, como o sol a raiar anunciando um dia cheio de sol e calor, ele disse-lhe: "Este dia... Pah, it's gonna be legen.. wait for it... dary!".
A certa altura, ela pergunta-lhe:
- Fred, que achas de jantarmos hoje? Só nós os dois.
- E deixarmos o Jorge, o Marco, a Leonor e a Matilde?
- Sim. Só nós dois.
- Mas...
- Não penses em mas. Não penses em consequências. E não te preocupes, eles não vão ficar chateados.
- Mas...
Ela não o deixou falar. E beijou-o.
Mais tarde, quando Frederico ia para sair, Jorge chama-o.
- Fred. Espera... Onde vais?
- Vou ter com a...
- Espera - ele interrompe-o - eu e a Matilde discutimos.
- Então?
- Os pais dela descobriram e não querem deixá-la continuar a vir.

Frederico não foi capaz de ir embora, e ficou a falar com o seu amigo. Passaram duas horas. E então, o telemóvel de Frederico começa a vibrar. No ecrã aparecia: 73 chamadas não atendidas e, por baixo, 1 mensagem nova. Frederico decidiu ver a mensagem primeiro e esta, que era dela, dizia: "Lover, you should have come over. I was going to tell you that I was ready to have sex with you."

Eu prometi. E cumpri.
Agarrei-a pela mão esquerda. Deixei a minha mão direita deslizar um pouco e apertei os meus dedos sobre o seu braço. Trouxe-a até mim. Pousei a minha mão esquerda sobre o seu ombro direito e a minha mão direita sobre o lado esquerdo do seu pescoço. Trinquei a parte central do meu lábio inferior, puxei a sua cabeça e beijei-a. Uma e outra vez. Parei. Olhei-a nos olhos. Brilhavam junto da sua pele branca.
- Promete-me que nunca me deixarás - disse com a sua doce voz.
- Não prometo aquilo que sei que não posso cumprir. Mas que sonho que nunca me deixes, isso sonho.
Ela beijou-me, então, após aquelas palavras. Podiam parecer balas, ou facadas, ou veneno, mas na realidade, era a verdade. É impossível nunca deixarmos alguém. Um exemplo disso, é quando morremos.
- Sei que somos novos. Eu tenho 16, tu 17. Mas... Casas comigo? Não agora, mas... Casas comigo? - perguntei.
- Só se me beijares só mais uma vez.
E eu beijei-a mais uma vez.