domingo

Short story number four - Lover, you should have come over

Era uma tarde em que o sol raiava como nunca: não raiava. Chovia a potes e as nuvens cinzentas preenchiam todos os pedaços do céu, não deixando que um pequeno feixe de luz sequer chegasse à superfície.
Ele caminhava pela rua com ela abraçada a ele, sob o guarda-chuva que os protegia da chuva intensa que caía como pequenas pedras, mas que não tinham tamanho suficiente para se chamarem pedras, e era isso que tornava aquelas gotas de chuva awesome. E quando o dia começara, como o sol a raiar anunciando um dia cheio de sol e calor, ele disse-lhe: "Este dia... Pah, it's gonna be legen.. wait for it... dary!".
A certa altura, ela pergunta-lhe:
- Fred, que achas de jantarmos hoje? Só nós os dois.
- E deixarmos o Jorge, o Marco, a Leonor e a Matilde?
- Sim. Só nós dois.
- Mas...
- Não penses em mas. Não penses em consequências. E não te preocupes, eles não vão ficar chateados.
- Mas...
Ela não o deixou falar. E beijou-o.
Mais tarde, quando Frederico ia para sair, Jorge chama-o.
- Fred. Espera... Onde vais?
- Vou ter com a...
- Espera - ele interrompe-o - eu e a Matilde discutimos.
- Então?
- Os pais dela descobriram e não querem deixá-la continuar a vir.

Frederico não foi capaz de ir embora, e ficou a falar com o seu amigo. Passaram duas horas. E então, o telemóvel de Frederico começa a vibrar. No ecrã aparecia: 73 chamadas não atendidas e, por baixo, 1 mensagem nova. Frederico decidiu ver a mensagem primeiro e esta, que era dela, dizia: "Lover, you should have come over. I was going to tell you that I was ready to have sex with you."

Eu prometi. E cumpri.
Agarrei-a pela mão esquerda. Deixei a minha mão direita deslizar um pouco e apertei os meus dedos sobre o seu braço. Trouxe-a até mim. Pousei a minha mão esquerda sobre o seu ombro direito e a minha mão direita sobre o lado esquerdo do seu pescoço. Trinquei a parte central do meu lábio inferior, puxei a sua cabeça e beijei-a. Uma e outra vez. Parei. Olhei-a nos olhos. Brilhavam junto da sua pele branca.
- Promete-me que nunca me deixarás - disse com a sua doce voz.
- Não prometo aquilo que sei que não posso cumprir. Mas que sonho que nunca me deixes, isso sonho.
Ela beijou-me, então, após aquelas palavras. Podiam parecer balas, ou facadas, ou veneno, mas na realidade, era a verdade. É impossível nunca deixarmos alguém. Um exemplo disso, é quando morremos.
- Sei que somos novos. Eu tenho 16, tu 17. Mas... Casas comigo? Não agora, mas... Casas comigo? - perguntei.
- Só se me beijares só mais uma vez.
E eu beijei-a mais uma vez.

Now that I've reached the places I could never reach, I can put myself here. Yeah, this is me: