sexta-feira

Estamos a ver "A Minha Vida Dava Um Tapete de Crochê E1.01

Olá a todos, e bem vindos à tão aguardada estreia de A Minha Vida Dava Um Tapete de Crochê.
Hoje, contamo-vos a história de Inês, uma rapariga não tão aleatória quanto isso, que decidiu contar-nos a sua chocante história.
*Aparece no ecrã uma carta*
"Uma e catorze da manhã. (Perdi O Jogo).
Eu já devia estar deitada há muito, mas fiquei a ver um filme e a conversar.
O meu pai faz a sua habitual ronda antes de se deitar. Eu corro para apagar a luz, corro a esconder mais o portátil. Raios, a luz do portátil denuncia-me. Baixo a tampa? Não, depois demora muito a des-hibernar. Então baixo ligeiramente a tampa. Ainda assim, a luz é um bocado para o forte... Ideia luminosa: (aliás, escurecedora!): de joelhos, dobro-me sobre o computador, e deixo cair o puff em cima de mim, formando um género de capa-ovo, comigo e com o portátil por baixo, sem sair qualquer luz.
O meu pai passa pelo meu quarto uma vez,
o meu pai passa pelo meu quarto segunda vez,
o meu pai dirige-se ao quarto dele para se deitar.
YUPII, MISSÃO CUMPRIDA!
Tiro o puff de cima de mim e continuo no computador a conversar como se nada fosse."
 
Entretanto, o Colesteral Olto partiu em busca de descobrir o dia a dia desta jovem. O Colesteral Olto avisa desde já que não se responsabiliza por quaisquer ataques cardíacos que se possam vir a registar no decorrer da transmissão da reportagem que se segue.
 
- Olá, Inês.
- Olá, João. Queria desde mais agradecer pela oportunidade de dar a conhecer ao mundo a minha terrível história.
- Ora essa.
- Bom, tudo começou há uns tempos, logo após o episódio que contei na carta.
*Entrevistado funga e começa a chorar*
- Leva o tempo que quiseres.
- Bom, como eu vos contei, eu peguei no puff para me proteger da habitual ronda que o meu pai faz antes de se deitar. Tudo bem até aqui, nada fazia prever o que se passaria nos dias seguintes.
Entretanto, passado um dia ou dois, estava a voltar da escola, e a certa altura dei conta, vá-se lá saber porquê, que estava a ser perseguida. Fiquei muito assustada e o meu primeiro instinto foi descobrir quem poderia querer vir atrás de mim daquela forma tão "psycho". Escondi-me por detrás de uma parede amarela, e foi então que eu o vi.
- A quem?
- Mas estás a ouvir o que eu te estou a dizer ou estás a fazer de conta? O puff, claro!
- Ah...
- Não imaginas a forma como fiquei assustada. Mas o puff não se ficou por aí. O puff começou a perseguir-me mesmo a sério. Fosse onde eu fosse, ele estava lá. Já nem podia ir à casa de banho descansada. Houve mesmo um dia em que estava, portanto, coiso...
- Coiso?
- A fazer, portanto, as necessidades! E olho para a minha esquerda, onde eu pensava que só existia parede, e dou por mim a olhar para o puff. Mandei um salto que até acabei por bater com a cabeça no tecto. Entretanto desmaiei e, quando acordei, estava o puff a tentar fazer-me um boca-a-boca. Eu por acaso até sou a favor do herpes labial, mas pronto, há que admitir que ser transmitido daquela forma nem tem encanto. E eu vou-te ser sincera, João, eu esperava mais do puff. Mas pelos vistos enganei-me.
- Então que se passou de seguida?
- Bom, os dias foram-se passando, e eu lá continuava a ser perseguida pelo puff. A certa altura convenci-me que ele estava apaixonado por mim, mas na minha ideia, inicialmente, ele só queria umas sardinhas enlatadas para fazer uma camisola, mas pronto, pelos vistos nem todos os puffs são feitos de boas intenções.
Mas, certo dia, aconteceu o pior. Estava muito bem eu, num almoço de família, apareceu-se-me o raio do puff lá. Bom, atirou-se a mim de tal forma que eu tive que pegar numa faca e bumba! Tirar-lhe um pedaço de linha. Quando dei por mim, estava no moche.
- No moche?
- Sim, quando dei por mim, estava ali o puff a esvaiar-se em bolinhas de esferovite. E bom, parecendo que não, aquilo é uma coisa que custa a apanhar. É então que a minha mãe se vira para mim e diz: "Ai, ó filha. Se tu fosses como a tua avó, reciclavas." E pronto, foi então que eu decidi dar um daqueles tapetes de Arraiolos à minha mãe.
- Mas que tem isso a ver com tapetes de crochê?
- Calma que vamos chegar lá. É então que me lembro. Ora, tenho tecido de um puff e bolinhas de esferovite, nem é tarde nem é cedo, vou fazer um crochê. E pronto, é por isto que a minha vida dava um tapete de crochê.

O drama, o horror, a tragédia. Por hoje é tudo. Voltamos, como não podia deixar de ser, da próxima vez. E até lá, tenham cuidado, que o pé de atleta contamina todos os dias... tipo bué de gente. E não usem escovas de dentes, que isso dá hemorróidas.