sábado

Fãs de Tokio Hotel expulsas de "acampamento" pela polícia

Uma novidade desta minha mudança, é o facto de eu, de hoje em diante, comentar de vez em quando acontecimentos importantes e/ou estranhos que afectam a sociedade e os nossos dias.

Um acontecimento importantíssimo e estranho que afecta a nossa sociedade foi o que sucedeu esta semana. Segundo consta, e confiando na Blitz (digo na Blitz, porque não confio nas notícias cor-de-rosa do Correio da Manhã... Ok, confio, mas enfim), um amontoado de fãs da banda alemã Tokio Hotel foram, vá, digamos... obrigadas a deixar o local onde tinham montado um belo e bem estruturado acampamento em frente à entrada do Pavilhão Atlântico, no qual a banda aparentemente vai actuar, no próximo dia 7.
Devo dizer que fiquei extremamente chocado e boquiaberto quando li a notícia. Vejamos: porque raio é que uma cambada de pitas pindéricas e com vontade de rebentar os tímpanos a alguém seria obrigada a abandonar um tão prestigiado local como o Pavilhão Atlântico, localizado no Parque das Nações? É que isto não cabe em nenhuma mente sã! É incompreensível! Eu se estivesse no lugar delas (calma aí! Sou muito macho, eu! Vamos lá a ver o que é que o leitor maroto já estava a pensar!) protestava! Eu no lugar destas mui nobres raparigas era capaz até de criar conflitos com outros grupos de fãs dos TH só para me deixarem ficar no local!...
... Esperem, estão a dizer-me uma coisa da Regi... Ah... Ao que parece, e citando a Blitz, "Segundo o Correio da Manhã, na sequência de assaltos e ataques às fãs - rapazes que terão atirado pedras às tendas - as autoridades identificaram todas as menores do "acampamento" e ordenaram a retirada das tendas. Este jornal fala ainda de "rivalidades entre grupos de fãs"."...
Agora começo a perceber cada vez menos! Então, há rivalidades entre grupos de fãs e elas ainda são obrigadas a regressar a casa? Aqueles polícias deviam estar completamente bêbados! Então, elas lutam umas com as outras pelos membros da banda e mandam-nas ir para casa?! Elas andam ali à "paulada" umas com as outras, para garantir o seu lugar na primeira fila, e são obrigadas a ir para casa?! Não compreendo! (a indignação)
E depois, o leitor deve constatar o facto de jovens rapazes terem arremessado pedras às jovens que se encontravam dentro das tendas (olha os machões!) e estes terem ficado impunes! Então, eles é que cometem atrocidades, e elas é que são castigadas? Não compreendo! Estou indignado!
"As admiradoras foram igualmente impedidas de continuarem a pernoitar à porta do Pavilhão Atlântico e só poderão voltar a fazê-lo a partir de 5 de Abril, diz o Cotonete." Espera, espera... Elas têm de arrumar as tendas, abandonar o "acampamento" e ainda por cima não podem continuar a pernoitar à porta do Pavilhão Atlântico? Por amor de Deus! Então está na cara que as raparigas estão dispostas a apanhar uma constipação de todo o tamanho (e até mesmo a Gripe A!) por amor, por vontade própria!, e ainda são impedidas disso? Não compreendo!
"Sofia Albergaria, uma das vencedoras do Optimus Secret Show que levou os fãs dos Tokio Hotel ao Luxemburgo, comentou: "Compreendo a situação. Mas também sabemos que o fazem por causa dos bares e dos bairros sociais que há na zona"."..." "Ná"... Não pode ser... Então agora a culpa é dos bares e dos bairros sociais que há na zona? Então eu aqui a defender estas pobres raparigas e depois chega-me aqui esta e estraga tudo com isto? Assim não me governo!
Se continuarmos a ler a drástica notícia disponiblizada pela excelsa revista Blitz, observamos que "o Media Markt, que a 7 de Abril organiza na sua loja de Benfica uma sessão de autógrafos com a banda, já fez saber que será proibido acampar nas proximidades da loja e que apenas quem comprar "merchandising" dos Tokio Hotel poderá pedir um autógrafo aos alemães." Ok, agora isto foi a gota de água! Por amor de Deus! Então uma fã dos Tokio Hotel, que tem todos os cd's, posters e fotos imagináveis (e não imagináveis) dos membros da banda, vai ao Media Market buscar um autógrafo dos seus ídolos e ainda são obrigadas a encher os bolsos aos donos desta loja?!
Nojento, caros leitores. É tudo o que me resta dizer. Acho isto nojento! Deixem lá as raparigas fazer o que lhes apetecer! Se forem violadas, apanharem um traumatismo craniano ou qualquer outra coisa, é lá com elas. Até se sentiriam melhor, a ouvir música rasca (os galos que teriam na cabeça a cantar) ao som de música ainda mais rasca (cantada pela tão bela voz de galinhas como Bill Kaulitz) é o sonho de qualquer uma daquelas jovens!
Termino com um aviso: não se ponham a pau no dia 5, fãs dos Tokio Hotel, não... Eu se fosse a vocês levava capacete e luvas de boxe!

sexta-feira

Cresce.

E ela perguntou-lhe, mais uma vez:
- O que queres fazer quando cresceres?
E ele, fechou os olhos e parou o tempo. Tudo estava feito estátua, excepto eles os dois. E então ele respondeu-lhe:
- Quero encher a tua boca de saliva e o teu coração de palavras bonitas.
E ela, gelou completamente, dos pés à cabeça. E nervosa, voltou novamente:
- O que queres fazer quando cresceres?
E ele percebeu a pergunta dela:
- Quero crescer ainda mais e ser o teu escritor.
De pés descalços, gelados, ele subiu as escadas, como fizera anteriormente, exactamente pela mesma razão. De joelhos sobre o chão, ela esperava-o anseosamente, com a mesma camisa de dormir que usara anteriormente. E ele passou por ela, e não a viu. E ela, de braços abertos, fechou os olhos e esperou. Esperou. E esperou. E quando percebeu que ele não vinha, virou-se para trás. E numa fracção de segundos, pensou que ele estaria ali por outra. Mas não. Quando terminou a volta de quase 180º, ele estava ali, sentado dois degraus acima, a olhá-la, especado. E disse-lhe:
- Já te disse o que teu cabelo e os teus olhos me fazem lembrar?
E ela, piscou os olhos, e respondeu-lhe a medo um seco e rouco:
- Não.
E o tempo parecia suspenso. Ele transpirava imenso das mãos, tal e qual como ela. Limpou-as na sua camisola do pijama, pegou nas dela, e passou-lhes os seus polegar, dizendo:
- Nada. E é por isso que eles são tão maravilhosos.

quarta-feira

"She was lying on the floor, counting stretch marks"; "And it was raining cats and dogs out side of her window", Regina Spektor - Braille.

E ele, como quem não quer a coisa, foi do quarto até à sala, ter com ela. E disse-lhe: "Sai. Vai-te embora. Não quero que sofras a ver-me morrer." Ela: "Mas eu quero estar contigo" Ele: "Já te disse. Quero morrer sozinho. Nem discutas. Agarra nas tuas coisas, mete-as na mala e sai."
E ela, com os seus 73 anos, fez a mala vagarosamente, com a boca salgada e os olhos encharcados e saiu.
Quando voltou, à noite, à espera que ele tivesse mudado de ideias, encontrou-o, caído no chão, morto, rendido. E chorou. Mais uma vez chorou. Lavou a cara com as suas grandes gotículas de lágrimas e beijou-o.
E ele, antes de morrer, gritou o nome dela. Desesperadamente chamou por ela, mas ninguém o acudiu. E morreu a imaginar a sua cara, desejando poder tê-la visto, ter-lhe tocado, tê-la beijado. Mas foi assim. A decisão que ele tomou foi aquela.
E quando fizeram a autópsia, descobriram: Ele tinha morrido de colesteral olto.

segunda-feira

Ter o colesterol alto.

O Colesterol é um álcool policíclico. Um álcool. Mas o facto de eu ter o colesterol alto nada tem a ver com as noites que passo a enfrascar-me, a tentar apagar a memória, a todo e qualquer custo limpar o disco rígido. E as veias. Tentar que o sangue me volte a correr nas veias e nas artérias como corria dantes, nunca se cansando, mesmo sem dormir. Sim, porque o meu sangue sempre fez directas. Até ao dia em que descobri que tinha o colesteral olto. Lembro-me bem desse dia. Lembro-me do dia em que as minhas pernas cairam por terra, flectidas, à espera que algo acontecesse.
Desde esse dia, nada foi como costumava ser. A partir desse dia que o meu coração está fatigado, e já não bombeia o sangue pelo meu corpo como bombeava dantes. Desde esse dia que chego ao fim do dia e me atiro para cima da cama, todo eu adormecendo: cérebro, coração, sangue... Mas mais importante: alma. Desde esse dia que a minha alma não vagueia por entre as sombras da noite escura, desde esse dia que a minha alma está sempre presa ao meu corpo. E assim... Assim não sara as duras e profundas feridas que todos os dias se abrem. Assim, ando desprotegido e fraco.