sexta-feira

De pés descalços, gelados, ele subiu as escadas, como fizera anteriormente, exactamente pela mesma razão. De joelhos sobre o chão, ela esperava-o anseosamente, com a mesma camisa de dormir que usara anteriormente. E ele passou por ela, e não a viu. E ela, de braços abertos, fechou os olhos e esperou. Esperou. E esperou. E quando percebeu que ele não vinha, virou-se para trás. E numa fracção de segundos, pensou que ele estaria ali por outra. Mas não. Quando terminou a volta de quase 180º, ele estava ali, sentado dois degraus acima, a olhá-la, especado. E disse-lhe:
- Já te disse o que teu cabelo e os teus olhos me fazem lembrar?
E ela, piscou os olhos, e respondeu-lhe a medo um seco e rouco:
- Não.
E o tempo parecia suspenso. Ele transpirava imenso das mãos, tal e qual como ela. Limpou-as na sua camisola do pijama, pegou nas dela, e passou-lhes os seus polegar, dizendo:
- Nada. E é por isso que eles são tão maravilhosos.

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