segunda-feira

Ter o colesterol alto.

O Colesterol é um álcool policíclico. Um álcool. Mas o facto de eu ter o colesterol alto nada tem a ver com as noites que passo a enfrascar-me, a tentar apagar a memória, a todo e qualquer custo limpar o disco rígido. E as veias. Tentar que o sangue me volte a correr nas veias e nas artérias como corria dantes, nunca se cansando, mesmo sem dormir. Sim, porque o meu sangue sempre fez directas. Até ao dia em que descobri que tinha o colesteral olto. Lembro-me bem desse dia. Lembro-me do dia em que as minhas pernas cairam por terra, flectidas, à espera que algo acontecesse.
Desde esse dia, nada foi como costumava ser. A partir desse dia que o meu coração está fatigado, e já não bombeia o sangue pelo meu corpo como bombeava dantes. Desde esse dia que chego ao fim do dia e me atiro para cima da cama, todo eu adormecendo: cérebro, coração, sangue... Mas mais importante: alma. Desde esse dia que a minha alma não vagueia por entre as sombras da noite escura, desde esse dia que a minha alma está sempre presa ao meu corpo. E assim... Assim não sara as duras e profundas feridas que todos os dias se abrem. Assim, ando desprotegido e fraco.

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