segunda-feira

Esta mensagem foi publicada em simultâneo no blog Corações Par-tidos, que encerra hoje a sua longa jornada.

Olá a todos. Hoje deixo uma parte de mim intacta, para sempre. Bem, talvez não seja para sempre. Na realidade, pode ser que um dia me farte de ver aquilo por ali e decida... puxar o autoclismo. Talvez um dia me apeteça desfazer-me de tantas outras histórias da minha vida, partes de mim, de vocês. Talvez um dia eu me farte daquilo que fui, que aconteceu, que um dia fez algum significado.
Hoje, despeço-me de todos. Não se desiste de escrever. Os escritores não são como os futebolistas. Não há idade para um "artesão" se retirar da escrita. Não é nem possível nem concebível que um escritor diga: nunca mais irei escrever. "Nunca digas nunca", diz o povo. E essa frase faz tanto sentido no mundo, na vida de um escritor.
Mas a verdade, é que hoje digo-vos: nunca mais. Nunca mais irei escrever. Nunca mais irei escrever naquele blog. Nunca mais vou reacender aquele passado.
Eu sei, isto parece muito "what the fuck? Então o tipo decide, assim do nada, desistir de escrever naquelas páginas?". Pois bem. Já há muito que aquelas eram apenas páginas do passado, há muito que deixaram de ser páginas do presente. E eu já só (e muito muito de vez em quando) releio uma ou outra página do passado. Só assim muito de vez em quando.
E agora aparece o David Gilmour e canta (não escreveu, isso foi o Roger Waters):
"So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skys from pain.
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?"
 
Não. Não consigo. Mas tu consegues. E eu hoje apenas me apercebi que aquele é um capítulo acabado da minha vida. E apercebi-me disso graças à tua ajuda. Tanto a tua como a do Roger. Obrigado aos dois.
E cá está. O blog Corações Partidos, partiu. Já não está mais entre nós. Hoje, já só restam as memórias.

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