domingo

Slow motion story number 2 - O baloiço

Eu não costumo contar histórias de "era uma vez", mas esta história vai ser excepção e vai se de "era uma vez".
Porque era uma vez um elástico branco. Esse elástico branco era pequeno, e apenas se conseguia pôr com facilidade num pulso pequeno. Mas há pessoas que gostam de trocar elásticos, por algo que surgiu do nada. E esse elástico branco foi trocado por um preto.
O giro da história, é que todos os elásticos alguma vez trocados pertencem à mesma pessoa, à rapariga da camisola azul que gosta de andar de baloiço, que não quer deixar pessoas fraquinhas (ou fofinhas) sozinhas, ao frio, que fica a transmitir pequenas energias, pequenos pedaços de calor às pessoas perto dela. E ela aquece, tanto o coração como o corpo, com aqueles pequenos braços, aquela pequena cabeça, mas aqueles grandes e lindos olhos. E o primeiro elástico foi trocado por engano, porque o rapaz o levou com ele sem querer, porque um comboio chegou e teve de lhe levar a menina, que ele estava a segurar e teve de largar.
Sei que isto pode parecer tudo muito estranho e tudo muito abstracto, mas este rapaz e esta rapariga, que trocavam mensagens, carinho, abraços, beijos, calor e elásticos, são especiais. Não foram feitos um para o outro, não vivem um ao lado do outro, não se podem ver um ao outro todos os dias. Estão afastados. Aliás, são afastados todos os meses, pelo vento, depois de terem estado agarrados pelo laço que os amarrou. E apesar disso, ele sonha com ela todas as noites. Ele quer estar com ela a todo o momento, e sem ninguém ao pé. Porque quando isso acontece, eles encostam-se, abraçam-se e dão beijos na bochecha um do outro. E ele só quer ficar a sós com ela, porque quer deixar de ter voz sumida e quer dizer-lhe: "Amo-te."
Porque ele só a quer ver sorrir. Seja ao pé dos baloiços ou no escritório, em frente ao computador, de mãos dadas ou separadas, encostados com a cabeça no ombro um do outro, sentados num banco gelado ou de pé, enquanto se apertam um contra o outro, com ou sem elástico no pulso.
Porque ele só a quer ver sorrir.

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