domingo

Shine. (clicar)

Há alturas na vida em que não sabemos o que fazer. Se voar é demasiado arriscado porque a queda pode ser grande e as asas podem parar de funcionar de repente, rastejar não é a melhor opção porque a qualquer altura podemos ser confundidos com cobras. Que fazer então?
Algumas cobras comem aves. Nós somos predadores, mas não de engolir tudo de uma só vez. Portanto talvez decidamos voar. Mas assim a qualquer momento podemos ser engolidos por cobras ou, se tal não acontecer, podemos ser mordidos por uma cobra venenosa. Seja como for, saímos magoados se formos aves. Mas... e se formos cobras? Vamos ser das que têm veneno? Das que não têm? Vamos estar à espera de um deslize da presa e vamos atacar?
Não podemos escolher. Mas também não vamos deixar a escolha a cargo da selecção natural. É o mesmo que vender a alma ao diabo. Solução? Cobrave. Somos cobra, somos ave, somos bravos, corajosos, inteligentes, ágeis. E é aqui que chegamos à questão mais dura e complicada da existência: o ser humano é forte, mas não o suficiente para ser cobrave. Por várias razões. Há sempre energia que se dissipa, há sempre energia que se perde. Há sempre factores que nos roubam determinadas coisas indispensáveis. O dia-a-dia, a rotina. O amor, ou desamor. As fraquezas. Todos nós temos fraquezas. O que temos que fazer é encontrar maneira de as fintar.
Eu não sou cobrave. Não conheço ninguém cobrave. Conheço muitas cobras, conheço muitas aves. Conheço um par de flores, também. Depois há sempre os indiferentes. A esses acho que chamo decompositores. E claro, há os cavalos. E uma estrela-flor. E eu dou-me com os cavalos, com o par de flores, alguns decompositores, aves e essa estrela-flor. E acho que me insiro no grupo dos cavalos, aqueles que correm todos os dias para fugir do mais adverso que há, e que levam as outras pessoas com eles. E este levar, é um levar bom. É um proteger, é um dar-lhe velocidade que as pessoas talvez não têm. Ou acham que não têm.
E agora chego ao fim do post. Acho que levei uma hora a escrevê-lo. Talvez mais. Mas valeu a pena. Porque escrever, juntamente com ouvir música, é uma das coisas que ajudam a fintar os malefícios da vida. Porque ela traz coisas boas, mas também traz coisas más. É como a droga: vicia-nos, é bom no momento mas dá-nos doenças. E que vou eu fazer agora? Seguir a luz intensa da minha estrela-flor favorita. E este favorita é errado, porque eu só conheço uma estrela-flor.
Adoro-te, Alexi'Shine. 

1 comentário:

Flienire disse...

Gosto das analogias. Vamos todos aspirar a ser Cobraves. Mas será essa a perfeição?