quinta-feira

Pára. Olha à tua volta. Sei que não vês nada. Está escuro. Tropeçaste nalgum lado e agora o teu pé esquerdo dói ainda mais. O facto de teres sido operada deixou-te mesmo triste. Ainda assim, fazes o que te digo para fazer, porque não te apetece ouvir, não te apetece falar, não te apetece fazer absolutamente nada, mas sabes que quero ajudar-te.
Olhas à tua volta. Dizes-me que não vês nada. Está escuro. Sentas-te no chão. O teu pé não te deixa andar mais que meio minuto seguido. Estendes as pernas e encostas-te à parede. Carregas no interruptor. Olhas para os pés da cama. Dizes:
"Já percebi. Já vi."
Eu pergunto-te o que é que viste. Tu respondes:
"O que interessa neste momento não é o que está à minha volta, ao nível dos meus olhos. É aquilo que está ao nível dos meus pés. Aquilo que é difícil encontrar. Tal como a minha câmara fotográfica ao fundo da cama".
De facto, desde a primeira lição de voo que só pensas em voar. Esqueces-te que há coisas importantes escondidas. E não as queres procurar. Talvez porque sabes que elas lá estão. Sabes que mais? Podes não ter entendido isso, mas precisas tanto delas como elas de ti para fazerem alguma coisa. Por exemplo a tua câmara. Ela precisa tanto de ti para fotografar quanto tu dela para veres... hum... mais além.
Não espero que entendas completamente a mensagem do texto. Não espero que alguém consiga encontrar todos os significados escondidos. Não vos substimo. Apenas sei que ninguém os vai encontrar a todos porque até eu próprio perdi alguns. Mas aquilo que era preciso tu entenderes, Daniela, está aí. À vista dos olhos. Juro que não tens de procurar.

Sem comentários: